Brasil ignora Trump e fecha acordo com Califórnia para energia limpa
Brasil e Califórnia fecham acordo climático, desafiando políticas de Trump e fortalecendo energia limpa e mercados de carbono

O Brasil e o governo do estado norte-americano da Califórnia oficializaram, nessa terça-feira (23/9), um acordo de entendimento para ampliar a cooperação em ação climática, incluindo mercados de carbono, transporte de baixa emissão, energia limpa, soluções baseadas na natureza, resiliência climática, patrimônio cultural, economia circular e qualidade do ar.
O documento vai na contramão do discurso e das políticas contra as mudanças climáticas do governo de Donald Trump.
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O acordo foi assinado em Nova York ao fim de reunião bilateral entre a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, e o governador da Califórnia, Gavin Newsom (foto em destaque).
A reunião ocorreu de forma paralela às atividades da Semana do Clima da cidade e à 80ª Assembleia Geral da ONU, onde Trump chamou as mudanças climáticas de “o maior golpe já perpetrado no mundo” e afirmou que a economia verde é o caminho “para a falência”.
O documento, com vigência de cinco anos, prevê intercâmbio de melhores práticas, desenvolvimento de tecnologias limpas, compartilhamento de estratégias de adaptação e mitigação, além de promoção de biocombustíveis, hidrogênio renovável e integração de energias renováveis.
Também estabelece que a produção e consumo de biocombustíveis não resultem em desmatamento ou impactos nos mercados de alimentos.
A execução do acordo ocorrerá por meio de diálogos, oficinas conjuntas, incentivo à inovação e envolvimento do setor acadêmico e privado, e será detalhada em um plano de ação elaborado pelo Ministério do Meio Ambiente e pela Agência de Proteção Ambiental da Califórnia.
“Parcerias com governos subnacionais, como o memorando firmado com a Califórnia, são fundamentais para garantir que as ações de enfrentamento à mudança do clima avancem, beneficiando toda a humanidade”, afirmou a ministra Marina Silva. “O acordo contribuirá para que Brasil e Califórnia atinjam suas metas de neutralidade climática até 2050 e 2045, respectivamente.”
O governador da Califórnia, Gavin Newsom, destacou a cooperação bilateral como essencial para enfrentar desafios globais. “Podemos trabalhar juntos para reduzir a poluição nociva, proteger ecossistemas críticos e construir economias que funcionem para as pessoas e para o planeta”, destacou.
O contexto da Califórnia reforça a urgência da parceria. No início deste ano, incêndios florestais devastaram grande parte do estado norte-americano, incluindo Los Angeles, causando, possivelmente, um dos maiores prejuízos da história por eventos climáticos extremos. Estimativas da Universidade da Califórnia apontam danos entre US$ 95 bilhões (R$ 500 bi) e US$ 164 bilhões (R$ 866 bi).
Além das perdas econômicas, milhares de pessoas foram deslocadas, comunidades inteiras sofreram danos a residências e infraestrutura, e houve impactos duradouros na saúde devido à fumaça e à poluição do ar.
Especialistas apontam que as mudanças climáticas aumentam a frequência e intensidade desses incêndios, com o aquecimento global, as secas prolongadas e os ventos fortes, tornando as regiões mais vulneráveis.
A Califórnia, liderada por Newsom, se posiciona como principal contraponto a Trump dentro dos Estados Unidos. O governador chegou a comparar o presidente Trump com “ditadores falidos”, após o governo federal enviar forças militares para conter protestos em Los Angeles.
Desde o início do novo mandato, o líder norte-americano reduziu incentivos a políticas ambientais e de transição energética, promoveu combustíveis fósseis e anunciou que os EUA deixarão, no próximo ano, o Acordo de Paris, que estabelece metas de descarbonização para os signatários.
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