“Castro fez bem, matou foi pouco”, diz vereador sobre operação
Vereador Rubinho Nunes diz que governador do Rio, Cláudio Castro, matou pouco em relação à operação policial contra CV que deixou 119 mortos
Um pedido de homenagem às vítimas da megaoperação contra o crime organizado no Rio de Janeiro se transformou em uma discussão acalorada na Câmara Municipal de São Paulo nesta quarta-feira (29/10). Além da gritaria geral e dedos em riste no plenário, um dos vereadores da tropa mais belicosa afirmou que o governador Cláudio Castro (PL) “matou foi pouco”. “Eu vou ficar gritando, não vou silenciar para vagabundo […] Castro fez bem, matou foi pouco”, disse o vereador Rubinho Nunes (União) na refrega.
Ao menos 119 morreram na operação da polícia fluminense, incluindo quatro policiais. Segundo o governador fluminense, “de vítimas lá, só tivemos os policiais”. Tratou-se da ação policial mais letal da história do Rio de Janeiro, passando, inclusive o massacre do Carandiru, ocorrido em 1992 com saldo de 111 presos mortos.
Tropa de choque
Os vereadores se reuniram em sessão plenária para discutir uma pauta com cerca de 30 propostas, incluindo o projeto de lei que reajusta o Imposto Predial Territorial Urbano (IPTU).
Logo no início da sessão, a vereadora Luna Zarattini (PT) sugeriu “um minuto de silêncio para as vítimas da megaoperação”. Em seguida, Lucas Pavanato (PL) afirmou que era a favor do minuto de silêncio, mas apenas aos policiais mortos, que ele chamou de “únicas vítimas”.
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Megaoperação no Rio de JaneiroFabiano Rocha / Agência O Globo
Megaoperação das polícias deixa vários policiais feridos e mortos. O Hospital Getúlio Vargas, na Penha, recebeu os feridos. Na foto: policial baleado chegando no HGVGabriel de Paiva / Agência O Globo
Megaoperação no Rio de JaneiroFabiano Rocha / Agência O Globo
Durante operação Contenção da policia contra o Comando Vermelho, detidos são conduzidos para a Cidade da Polícia CivilFernando Frazão/Agência Brasil
Durante operação policia contra o Comando Vermelho, detidos são conduzidos para a Cidade da Polícia CivilFernando Frazão/Agência Brasil
Policiais durante megaoperação no Rio de JaneiroFernando Frazão/Agência Brasil
Durante operação Contenção da policia contra o Comando Vermelho, inspetoras da Polícia Civil catalogam apreensão de drogasFernando Frazão/Agência Brasil
Durante operação policia contra o Comando Vermelho, bandidos ordenam fechamento de comércio e usam lixeiras incendiadas para bloquear a via na rua Itapiru, no Catumbi.Fernando Frazão/Agência Brasil
Megaoperação no Rio de JaneiroReprodução / Redes sociais
Megaopoeração contra o CV, no Rio de JaneiroReprodução/Redes sociais
O bate-boca se intensificou após o vereador Adrilles Jorge (União) correr em direção ao microfone e começar a gritar. O áudio da sessão foi cortado. Então, o secretário da sessão plenária, João Jorge (MDB), sugeriu que o minuto de silêncio fosse feito “para os policiais e para os possíveis inocentes mortos”.
O embate continuou e o presidente Ricardo Teixeira (União) abriu votação para deliberar sobre o “minuto de silêncio pelas vítimas do ocorrido”. Durante a votação, Nunes afirmou que quem aponta fuzil para policiais é criminoso e acrescentou: “A polícia matou e fez bem de matar”.
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Depois, com a indicação de que o minuto de silêncio seria aprovado por voto, Rubinho Nunes voltou ao microfone para dizer que não respeitaria a medida. “Eu vou ficar gritando, não vou silenciar para vagabundo […] Castro fez bem, matou foi pouco.”
A votação do minuto de silêncio terminou com 18 votos favoráveis, 6 contrários e duas abstenções.
Megaoperação no Rio de Janeiro
- Considerada a mais letal no Rio, a megaoperação foi deflagrada para cumprir 51 mandados de prisão contra traficantes que atuam no Complexo da Penha.
- De acordo com o Ministério Público, por estar localizado próximo a vias expressas e ser ponto estratégico para o escoamento de drogas e armamentos, o complexo de favelas se tornou uma das principais bases do projeto expansionista da facção criminosa Comando Vermelho, especialmente em comunidades da região de Jacarepaguá.
- Em retaliação, traficantes lançaram bombas com drones contra policiais da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), a tropa de elite da Polícia Civil do RJ.
- Ao menos 119 pessoas foram mortas, incluindo quatro policiais – dois civis e dois militares.
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