Como se livrar da dependência de viver um amor, segundo uma sexóloga
Sexóloga explica por que tantas mulheres vivem em função do amor romântico — e como é possível se libertar desse padrão silencioso

Ela está solteira, mas sente que falta alguma coisa. Sai com as amigas, trabalha, se cuida — porém, lá no fundo, carrega a sensação de que só será completa quando ele aparecer. Como se a felicidade plena fosse sempre um par, um parceiro, um homem.
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Essa ideia, tão silenciosa quanto poderosa, atravessa gerações. Para a sexóloga Alessandra Araújo, não se trata apenas de romantismo ou carência, e sim de um condicionamento profundo — que leva muitas mulheres a colocarem o amor romântico (e o parceiro) no centro de tudo.
O amor que “ensina” a mulher a esquecer de si
“Historicamente, a mulher foi designada como cuidadora. Isso moldou uma ideia de que o valor feminino está em servir ao outro, especialmente ao parceiro”, explica Alessandra. Segundo ela, a forma como o amor romântico é ensinado às mulheres incentiva a abnegação como prova de afeto.
A especialista também aponta que, durante séculos, o sucesso de uma mulher foi medido pela estabilidade da sua relação. “A validação social e até a segurança financeira foram condicionadas à presença de um homem. Isso faz com que muitas busquem agradar a qualquer custo, como forma de garantir permanência e aceitação.”
A especialista explica que a busca por amor atinge todas as pessoas, independente da orientação sexual, contudo as mulheres ainda são mais afetadas pela eterna busca por afeto e relações
Quando o medo fala mais alto do que o amor-próprio
Além dos fatores socioculturais, Alessandra destaca aspectos psicológicos que alimentam essa entrega excessiva. Um deles é o reforço positivo. “Quando ela prioriza o parceiro, muitas vezes recebe aprovação imediata: ele fica feliz, a relação se acalma, ela evita conflitos. Isso reforça a ideia de que se dedicar ao outro é o melhor caminho”, afirma.
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Essa dinâmica, no entanto, pode esconder um medo ainda mais profundo: o do abandono. “Algumas mulheres acreditam que, se forem indispensáveis, não serão trocadas. Então, se esforçam para suprir tudo, mesmo ao custo da própria identidade.”
A saída, segundo a sexóloga, é um processo de desconstrução interna. “É preciso questionar essas crenças que foram internalizadas sem escolha. Começar a buscar prazer, valor e propósito em outras áreas da vida que não dependam do parceiro.”
Descentralizar os homens não significa abandonar o amor, mas se colocar no centro da própria história — com autonomia, equilíbrio e liberdade emocional.
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