Estilo Brasil: o momento em que o Paralamas mesclou rock, ska e dub

Depois do sucesso explosivo de O Passo do Lui, a trajetória musical d’Os Paralamas do Sucesso ganhou um novo direcionamento, impulsionado por ambições artísticas crescentes. Este movimento culminou no álbum Selvagem? (1986), considerado por muitos o ápice criativo do grupo.

Em entrevista exclusiva ao Metrópoles, João Barone detalha essa escolha estética como sendo um marco para se diferenciar do que ele chamou de “aquela coisa toda do rock brasileiro”.

A banda percebeu que precisava ir além do new wave e das influências do The Police, que haviam dominado o início de sua carreira. Segundo Barone, foi uma “tentativa de trazer coisas da música negra, com elementos diferentes, diversificados até, de coisas que a gente sempre gostou de ouvir, do samba de raiz, do reggae, da música negra, da música africana”.

Selvagem? é um reflexo direto dessa exploração, unindo o peso do rock com ritmos como o reggae, dub, ska, e música caribenha e africana. Esse álbum foi crucial para que os Paralamas começassem a quebrar o muro entre o rock e a MPB.

A faixa de abertura, “Alagados”, é o cartão de visitas dessa nova fase. A música, que fala da exclusão e das fraturas sociais ligando periferias do Rio de Janeiro, Bahia e Jamaica, colocou o caráter político-social em primeiro plano, algo que Barone considera parte da evolução temática da banda.

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Barone explica que a banda sempre buscou o que Herbert chama de “uma coisa emocionalmente verdadeira”. Assim, a temática das canções evoluiu, tornando-se “proporcional à passagem do tempo e tudo aquilo que a gente foi exposto”, como Herbert afirmou em outro momento.

O resultado são letras que, sem panfletarismo, abordam temas aflitivos como violência policial, miséria e racismo, a exemplo de “Selvagem” e “O Calibre” (esta última de um disco posterior, mas na mesma linha temática).

Embora Barone ressalte que a banda sempre teve o descompromisso de “querer fazer sucesso”, Selvagem? vendeu 100 mil cópias na primeira semana e é um dos trabalhos mais aclamados do trio. A guinada estética, portanto, não apenas consolidou o Paralamas artisticamente, mas também redefiniu o rock brasileiro da época, tornando-o menos refratário a conexões com a MPB.

No dia 21 de novembro, o Festival Estilo Brasil celebra esse legado. O Festival Estilo Brasil conta com o oferecimento do Banco do Brasil Estilo, patrocínio dos cartões BB Visa, Banco do Brasil e Governo Federal, e a realização do Metrópoles, com produção da Oh! Artes.

Programação

Paralamas do Sucesso & Dado Villa Lobos Turnê: Celebrando 40 anos de Clássicos 21 de novembro

Caetano Veloso 11 de dezembro

 Liniker 14 de dezembro

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Festival Estilo Brasil

Local: Ulysses Centro de Convenções Ingressos: Bilheteria Digital