Estilo Brasil: Paralamas do Sucesso entrega show histórico
Em uma noite vigorosa, marcada pela emoção, o trio celebrou os 40 anos de estrada no Ulysses Centro de Convenções
Na noite de sábado (22/11), Os Paralamas do Sucesso chegaram na capital com a serenidade de quem sabe exatamente o que está fazendo — e com a energia de quem parece ter acabado de começar. No festival Estilo Brasil, a banda mostrou que, antes mesmo da primeira música, era possível sentir que o trio estava elétrico.
Quando Herbert atacou as primeiras notas de “Vital e Sua Moto”, todos os olhos se atentaram para o palco. A sensação era de algo raro: um show que não divide o público, mas costura gerações. O som impecável deixava cada instrumento no seu lugar — mérito não apenas do trio, mas também dos músicos de apoio, João Fera nos teclados, Monteiro Júnior no sax e Bidu Cordeiro no trombone, que ampliavam o universo sonoro da banda com precisão.
De “Cinema Mudo” a “Bora-Bora”, passando pela urgência de “Pólvora”, o grupo parecia reafirmar, faixa a faixa, seu DNA original — essa mistura improvável e perfeita entre reggae, punk e ska que, quarenta anos depois, continua soando tão fresca quanto no começo. Herbert, sorrindo, agradecia o público com um entusiasmo que não parecia protocolo: “Alegria praticamente sobre-humana em ver a conexão estampada nos olhos de vocês”.
Foi então que Herbert chamou Dado Villa-Lobos ao palco. Dado, visivelmente emocionado, resumiu tudo em uma frase curta: “É um prazer estar aqui. Meus ídolos, sempre”. O encontro abriu caminho para uma sequência de canções que reacendeu a memória afetiva de Brasília: “Trac-Trac”, uma conversa sobre a Legião Urbana, e, finalmente, “Será”.
A noite seguiu com uma dobradinha irresistível: “O Calibre” e “Selvagem”, com um trecho de “Polícia”, do Titãs. O ato romântico do show veio com “Mensagem de Amor”, “Seguindo Estrelas”, “Uns Dias”, “Romance Ideal” e, claro, “Ela Disse Adeus”, que transformou o espaço em um mar de vozes.
Show da turnê comemorativa de 40 anos do Paralamas em Brasília
Antes de “Lanterna dos Afogados”, Herbert pediu que todos acendessem as luzes dos celulares. O efeito foi imediato: uma constelação improvisada se formou dentro do auditório. Após um instante solo de Herbert, a banda voltou para “Será Que Vai Chover”, “Assaltaram a Gramática” e “O Amor Não Sabe Esperar”. No telão, fotografias e homenagens davam profundidade a “Gostava Tanto de Você” e ao medley com “Você”, de Tim Maia — e, no meio dos rostos exibidos, um momento especial: a aparição de Vovó Ondina, vó do baixista Bi Ribeiro.
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O show seguiu em alta velocidade: “O Beco”, a poderosa “A Novidade”, composta com Gilberto Gil — anunciada com orgulho por Herbert —, além de “Melô do Marinheiro” e “Alagados”, com direito a um trecho de “Sociedade Alternativa”, de Raul Seixas.
Na sequência, “Uma Brasileira”, “Óculos” e uma celebração das raízes de Brasília. No bis, Barone agradeceu emocionado, lembrando que aquele era um dos últimos shows da turnê comemorativa de 40 anos, feita “de muita alegria e estrada, e mais 40 anos pela frente”.
Ainda houve tempo para “Sossego”, “Perplexo”, “Caleidoscópio” e “Meu Erro”. Dado voltou ao palco para “Que País É Este?”, e, como acontece nos ensaios da banda, o Paralamas não resistiu a puxar “Should I Stay or Should I Go”, do The Clash — como quem diz: estamos aqui porque nunca fomos embora.
Show da turnê comemorativa de 40 anos do Paralamas em Brasília
Os Paralamas entregaram um show vigoroso, técnico e profundamente afetivo, daqueles que comprovam por que a banda atravessa décadas não por nostalgia, mas por permanência. Porque o som deles ainda respira novidade, como se o palco fosse o lugar mais simples do mundo.
As próximas atrações do Estilo Brasil são Caetano Veloso, no dia 11 de dezembro, e Liniker, no dia 14 de dezembro. O festival é apresentado pelo Banco do Brasil Estilo, com realização do Metrópoles e produção da Oh! Artes.
Programação
Caetano Veloso 11 de dezembro
Liniker 14 de dezembro
Festival Estilo Brasil
Local: Ulysses Centro de Convenções Ingressos: Bilheteria Digital
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