Fraude 2.0: como a quadrilha driblou fiscais e clonou gabaritos no CNU

A organização criminosa investigada pela Polícia Federal por fraudar concursos públicos mostrou ao longo dos anos uma impressionante capacidade de adaptação tecnológica. O grupo, desbaratado pela Operação Última Fase, passou de métodos rudimentares, como o uso de pontos eletrônicos em provas, para um sistema mais sofisticado, capaz de garantir gabaritos idênticos entre dezenas de candidatos […]

Oct 6, 2025 - 05:30
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Fraude 2.0: como a quadrilha driblou fiscais e clonou gabaritos no CNU

A organização criminosa investigada pela Polícia Federal por fraudar concursos públicos mostrou ao longo dos anos uma impressionante capacidade de adaptação tecnológica. O grupo, desbaratado pela Operação Última Fase, passou de métodos rudimentares, como o uso de pontos eletrônicos em provas, para um sistema mais sofisticado, capaz de garantir gabaritos idênticos entre dezenas de candidatos simultaneamente.

A trajetória dessa evolução começou em julho de 2024, quando a Polícia Civil da Paraíba deflagrou a Operação Before. Na ocasião, fiscais flagraram a candidata Bianca Paskelina Pereira Freire com um ponto eletrônico escondido no ouvido durante o concurso da Polícia Militar do estado.

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O dispositivo, quase invisível, transmitia em tempo real as respostas que ela deveria marcar na prova. Junto a ela foi preso Wanderson Gabriel de Brito Limeira, filho de Wanderlan Limeira de Sousa, apontado hoje como líder da máfia dos concursos.
O método, apesar de engenhoso, tinha limitações e riscos: exigia que o dispositivo fosse inserido profundamente no ouvido, gerando possibilidade de lesões. Segundo apurou a PF, um médico colaborava com o grupo para instalar e remover os pontos eletrônicos após as provas, evitando acidentes.

Com o cerco se fechando após a Operação Before, a quadrilha aprimorou seus métodos. No Concurso Nacional Unificado (CNU) de 2024, os investigadores não encontraram sinais de pontos eletrônicos. Em vez disso, depararam-se com algo mais intrigante: gabaritos absolutamente idênticos entre múltiplos candidatos, um indício de fraude em larga escala e de tecnologia mais sofisticada.

Nas conversas interceptadas, surgia a figura de um personagem chamado “Negrão”, apontado como responsável pela parte técnica da operação.

Uma delas seria o uso de sinais de rádio de curto alcance, o que explicaria por que vários candidatos de outros estados viajaram especificamente para realizar provas em Patos (PB) e cidades de Pernambuco.

Também há a possibilidade de utilização de dispositivos miniaturizados e quase indetectáveis, possivelmente implantados sob a pele ou acoplados em objetos, capazes de transmitir sinais táteis correspondentes às respostas corretas.

Essa “corrida armamentista” entre fraudadores e bancas organizadoras reflete como a quadrilha se profissionalizou. Detectores de metal, bloqueadores de sinal e revistas mais rigorosas obrigaram o grupo a investir em tecnologia clandestina cada vez mais difícil de detectar.

Na Operação Última Fase, a Polícia Federal apreendeu celulares, notebooks e outros equipamentos que agora passam por perícia. A expectativa é que a análise forense revele como funcionava o sistema secreto de transmissão de gabaritos.

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