Funcionários de fazenda do dono da Brooksfield eram alojados em curral
Polícia resgatou cinco homens em condições análogas à escravidão em fazenda de dono da Brooksfield. Dois funcionários foram presos
Cinco trabalhadores foram resgatados em situação análoga à escravidão em uma fazenda ligada a um dos donos do grupo Via Veneto, no Mato Grosso do Sul.
O resgate ocorreu na Fazenda Beatriz, localizada no município de Brasilândia (MS). A propriedade pertence a uma empresa de Carlos Manoel da Silva Antunes, um dos três sócios do grupo Via Veneto, responsável por marcas como a Brooksfield.
A operação aconteceu em agosto deste ano e resultou na prisão de dois funcionários da fazenda, acusados de redução à condição análoga à de escravo e frustração de direitos trabalhistas.
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De acordo com o inquérito policial, os trabalhadores eram cooptados em outras cidades da região para prestar serviços terceirizados. Um dos funcionários envolvidos é proprietário de uma empresa que emitia notas fiscais referentes aos serviços realizados pelos trabalhadores resgatados.
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Homens eram cooptados em outras cidades para trabalhar no localReprodução
Polícia prendeu dois funcionários da fazenda BeatrizReprodução
Cinco homens foram resgatados dos alojamentosReprodução
Inquérito policial apontou para condições precáriasReprodução
Curral onde os trabalhadores eram alojados na fazenda BeatrizReprodução
Ao chegarem à fazenda, os homens eram alojados em um curral para cavalos e em um depósito sem condições mínimas de higiene. Eles cumpriam jornadas exaustivas, das 6h às 16h, de segunda a sábado, e eram obrigados a comprar produtos vendidos pelos próprios responsáveis pela fazenda.
Os trabalhadores realizavam atividades como limpeza da pastagem e aplicação de herbicidas. Segundo os funcionários, a remuneração seria de R$ 180 por hectare trabalhado, informação contestada por uma denúncia anônima.
A denúncia também aponta que os trabalhadores eram moradores de rua e teriam sido submetidos a castigos físicos, o que não foi confirmado pela investigação.
Ainda segundo a polícia, antes da fiscalização, os responsáveis retiraram os animais do curral para melhorar a aparência do alojamento e esconderam três dos cinco trabalhadores, que foram localizados posteriormente. Um sexto homem teria fugido e não foi encontrado.
Esta não é a primeira vez que o nome de Carlos Manoel da Silva Antunes aparece associado a denúncias de trabalho análogo à escravidão. Em 2016, ele foi convocado à Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) para prestar esclarecimentos sobre acusações envolvendo confecções da Brooksfield Donna.
Procurados, o grupo Via Veneto e Carlos Manoel da Silva Antunes não responderam aos contatos por telefone e e-mail. O espaço permanece aberto para manifestação.
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