Henrique Fogaça inspira público no Metrópoles Talks, em São Paulo

O chef Henrique Fogaça foi o quarto convidado do Metrópoles Talks, braço de palestras do Grupo Metrópoles, em São Paulo. Pai de Olivia, de 18 anos, João, de 14, e Maria Letícia, de 6, ele apresentou ao público uma faceta pouco conhecida de sua personalidade “durona” — amplamente divulgada nos programas culinários.

Em uma conversa íntima e inspiradora, Fogaça compartilhou detalhes de sua trajetória e da filosofia que moldou o “chef hardcore”, como se define em sua autobiografia. O bate-papo aconteceu na última terça-feira (28/10), no Teatro Bravos.

Com o tema “Lições de uma vida sem receita pronta”, o mestre da culinária, que comanda o restaurante Sal (recomendado pelo Guia Michelin 2025) e o gastropub Cão Véio, relembrou o início da carreira e os caminhos tortuosos que enfrentou. Persistência, foco, resiliência e determinação foram os “ingredientes” principais que temperaram sua jornada profissional — sempre marcada por experiências práticas, tempo, “tombos” e muitos “nãos” pelo caminho.

Henrique Fogaça reflete sobre o poder do transformador do “não”

Natural de Piracicaba, Fogaça recordou que o interesse pela cozinha despertou por necessidade. Cansado de refeições congeladas, o renomado chef começou a ligar para o avô em busca de receitas. O primeiro prato foi um simples bife. “Depois daquele dia, eu não parei mais de cozinhar.”

Essa paixão o fez abandonar o emprego em um banco para empreender. Com o ex-cunhado como sócio, começou vendendo lanches em um food truck. O negócio não decolou, mas a frustração não o fez desistir.

“Eu tinha uma lancheirinha, fazia lanche e saía batendo perna em loja de conveniência, em lan house, e ouvia ‘não’ direto”, relembrou nos bastidores.

No palco, o crítico do Masterchef abriu o coração e falou sobre suas preferências simples à mesa. O empresário admitiu que nada é melhor do que um um bom PF à brasileira — arroz, feijão, bife, farofa e vinagrete.

“Sou simples. A comida tem que ser bem feita, gostosa. Comida é simplicidade”, destacou Fogaça.

A visão do chef é bastante democrática quando o assunto são as especiarias que “levantam a comida”. Para ele, o sal é o tempero que melhor realça os sabores — não à toa batizou seu restaurante com esse nome. O jeito prático de conduzir a cozinha também define o ritmo de sua vida.

“Eu sou assim do jeito que eu sou pelo rock, fui virar cozinheiro depois” Henrique Fogaça

Durante os primeiros 10 anos na cozinha, Fogaça nem se via como “chef”. Ele só entendeu o peso do título quando passou a gerir equipes, administrar estoques e cuidar da operação como um todo. “Ambiente caótico é a minha praia, por isso eu me encontrei na cozinha”, disse ao público.

Uma vida além da dolmã

Mas nem só de gastronomia vive Henrique Fogaça. Fora da cozinha, ele divide seu tempo com a criação dos filhos e no vocal da banca da rock Oitão. Com emoção, ele falou também sobre Olivia, sua primogênita, que tem uma síndrome rara ainda sem diagnóstico.

“Hoje eu tenho que a Olívia me escolheu como seu pai, para poder cuidar dela. Hoje, sou uma  ferramenta”, disse Henrique Fogaça.

A jovem, segundo o chef, teve a qualidade de vida transformada após o uso de canabidiol. Inspirado pela história da filha, o paizão fundou o Instituto Olivia, que luta pela democratização do acesso à cannabis medicinal no Brasil.

Para dar conta da rotina intensa, Fogaça salientou a importância do autocuidado. “Eu sou interativo, adoro fazer esporte. Porém, a nossa idade tá aqui na nossa cabeça. Se você envelheceu a cabeça, você envelhece o corpo e sua alma. Para manter ela ativa, você tem que fazer o quê? Endorfina, conhecimento, literatura, ação. O nosso cérebro é um músculo, tem que exercitar”, disse o chef de cozinha.

Metrópoles Talks

Esta foi a quarta edição do Metrópoles Talks, em São Paulo. O evento é um espaço em que mentes brilhantes compartilham ideias, experiências e visões que inspiram e provocam reflexões.

Grandes nomes já estiveram presentes no projeto de palestras do Metrópoles. Em São Paulo, a estreia contou com Ingrid Guimarães e Glenda Kozlowski em um bate-papo bem humorado e informativo sobre a chegada da menopausa.

Em seguida, foi a vez da médica, escritora e professora Ana Claudia Quintana Arantes, que abordou temas como envelhecimento, luto e cuidados paliativos. Em novembro, o Metrópoles Talks recebe a modelo e apresentadora Fernanda Lima.

Veja os highlights do bate-papo do Metrópoles Talks, pelas lentes de Julia Bandeira:

Veja os cliques do evento: Jessica Cohen, Henrique Fogaça e Vanessa Trefois Edson Rangel e Alice Rangel Lorena Fernandes Juliana Madazio Luísa cobalchini Damásio e Jessica Rosa Henrique se divertiu durante o Metrópoles Talks Vitória Belinato, Rosa Luizetti e Danilo Luizetti Vanessa Trefois e Jessica Cohen Plateia aproveita o bate-papo descontraído Livia Fernandes, Luis Azevedo, Vitória Pinheiro e Diego Campos Ana Beatriz Lopes, Matheus Abrantes e Fátima Pires Abrantes Agnes Rodrigues Ana Cristina Santos e Sandra Casturino O tema do bate-papo foi Lições de uma vida sem receita pronta Chef Mazé Félix O bate-papo foi um mergulho na trajetória de Fogaça

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