Onde estava o ministro da Justiça de Lula durante guerra no Rio?
Lewandowski viajou com a mulher em avião da FAB e permaneceu em Fortaleza para ser elogiado, mesmo diante das cenas de guerra no Rio
O ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, manteve uma agenda festiva em Fortaleza mesmo diante do cenário de guerra no Rio de Janeiro.
Enquanto o número de mortos pela polícia já chegava a 60 e o mundo inteiro acompanhava o confronto entre forças de segurança e o Comando Vermelho, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, se dedicava a receber o título de Cidadão Cearense em Fortaleza.
Lewandowski viajou em jatinho da Força Aérea Brasileira (FAB) ao lado da mulher, que é cearense e participou da cerimônia na Assembleia Legislativa.
Em nenhum momento o ministro cogitou cancelar o evento destinado a elogiá-lo — sem qualquer relação com suas atividades na Justiça — e retornar a Brasília diante da operação policial mais letal da história do Rio de Janeiro. A homenagem havia sido concedida a ele ainda em 2021, durante a pandemia, e só agora foi recebida com o casamento das agendas pessoal e oficial.
Segundo a assessoria do ministro, Lewandowski viajou na segunda-feira (27/11) para participar da abertura da Conferência da Haia de Direito Internacional Privado (HCCH), ocasião em que dividiu a mesa com o governador Elmano de Freitas (PT).
Na terça (28/11), ele voltou a se reunir com o governador às 11 horas e permaneceu na cidade para a solenidade, realizada entre 16h e 17h, na Assembleia Legislativa.
O ministro só retornou a Brasília às 21h30 — quando a operação no Rio, deflagrada desde as 5 horas da manhã, já somava dezenas de mortos e o Planalto já havia recorrido até ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para estancar a crise provocada com a declaração do governador do Rio, Cláudio Castro, de que o atual governo lhe negou ajuda.
Castro afirmou ao Metrópoles que tentou falar duas vezes com Lewandowski, sem sucesso. A assessoria do ministro rebateu dizendo que a informação “não corresponde à verdade”.
Ministro defende proteção dos direitos de todos os cidadãos
O Ceará registrou em 2024 a maior taxa de homicídios do país, índice atribuído à disputa entre facções criminosas. Recentemente, um distrito do interior precisou ser esvaziado após confrontos entre grupos rivais: cerca de dois mil moradores foram obrigados a deixar suas casas pelos criminosos.
No discurso de agradecimento, o ministro ignorou tanto a crise no Rio quanto a violência no próprio Ceará. Seu único comentário sobre o tema foi em defesa dos direitos humanos:
“Nessa luta contra a criminalidade, sobretudo a organizada, se esquece da proteção dos direitos e garantias de todo cidadão.”
Antes, em entrevista coletiva, Lewandowski afirmou que “era um dia de festa e que estava muito feliz” com a homenagem — declaração dada enquanto o cenário de guerra no Rio já rodava o mundo.
What's Your Reaction?