Leo Souza chama Samanda de “pitbull do governo”, e vereadora denuncia “violência política de gênero”
A sessão plenária da Câmara Municipal de Natal desta quinta-feira 14 foi marcada por um embate entre os vereadores Leo Souza (Republicanos) e Samanda Alves (PT). Enquanto fazia um discurso sobre as crises na saúde pública do Estado e do município, Leo chamou Samanda de “pitbull do governo”. A petista reagiu e classificou o ataque […]


A sessão plenária da Câmara Municipal de Natal desta quinta-feira 14 foi marcada por um embate entre os vereadores Leo Souza (Republicanos) e Samanda Alves (PT). Enquanto fazia um discurso sobre as crises na saúde pública do Estado e do município, Leo chamou Samanda de “pitbull do governo”. A petista reagiu e classificou o ataque como “violência política de gênero”.
A fala de Leo Souza ocorreu no momento em que ele discursava em defesa da terceirização da gestão das Unidades de Pronto Atendimento (UPA) de Natal – iniciativa que havia sido criticada na véspera por Samanda, que chamou o modelo de “privatização”. Segundo Leo, Samanda está tentando “colocar dificuldade” na solução dada pela Prefeitura para “resolver o problema” das UPAs. Ele ainda sugeriu que a parlamentar torce pelo “quanto pior, melhor”.
“A gente vai aumentar a quantidade de médicos, e com certeza a gente vai conseguir resolver um problema da saúde. Pelo menos é o que se espera. A população não quer saber como vai ser feito, se o médico será contratado por um CNPJ ou pelo Município… a população quer que funcione, quer que resolva o problema”, afirmou o vereador do Republicanos em defesa da terceirização.
Em determinado momento, ele citou a fala de Samanda na véspera – que, além de criticar a terceirização das UPAs, exaltou a iniciativa do Governo do Estado de buscar empréstimo de insumos reabrir leitos de UTI no Hospital Maria Alice Fernandes.
“Agora, o que a gente ouviu da pitbull do governo, que vem para dentro desta Casa aqui só para defender o Governo do Estado, a gente ouviu um absurdo, que o governo está com pires na mão, pedindo ajuda de insumo aos estados vizinhos, porque é criativo. Que criatividade é essa? Depois de sete anos, tem UTI sendo fechada porque não tem o básico e vem dizer que isso é criatividade. O nome não é criatividade, o nome disso é incompetência”, rebateu Leo.
Ele se referiu à decisão que levou o Governo do Estado a recorrer a pedidos emergenciais de apoio a outros entes para solucionar a crise de abastecimento de insumos no Hospital Infantil Maria Alice Fernandes. A Secretaria Estadual de Saúde Pública (Sesap) solicitou empréstimos de medicamentos e materiais à rede federal e também à Secretaria de Saúde da Paraíba para viabilizar a reabertura de leitos que estão fechados na unidade.
No momento da fala de Leo Souza, Samanda não estava no plenário. Cerca de 40 minutos depois, ela apareceu na sessão e rebateu o vereador, dizendo ter sofrido “violência política de gênero”.
“Quero lamentar que, no mês em que a gente faz alusão a Maria da Penha, ao Agosto Lilás, a gente ainda sofra neste plenário uma violência política de gênero. Hoje um parlamentar se dirigiu à minha pessoa, chamando o nome de um animal, de um cachorro. Mas isso não passará. A gente continua firme, não nos cala. A gente lamenta e faz a denúncia pública. E lamenta mais uma vez que esta Casa tenha se tornado um cenário de várias reações por parte de parlamentares de violência política de gênero”, destacou Samanda.
Ao AGORA RN, Samanda Alves também acusou o colega de tentar deslegitimar seu trabalho parlamentar. “Este é o segundo ataque do vereador Leo Souza só neste mês de agosto. Primeiro, ele se posicionou contra um projeto nosso que protegia vítimas de crimes de ódio e intolerância. Agora, me chamou de ‘pitbull’ no plenário”, disse.
Apoio de outros parlamentares
Na mesma sessão, Samanda recebeu apoio de outros parlamentares. O vereador Irapoã Nóbrega, que também é do Republicanos – mesmo partido de Leo Souza – se solidarizou com a petista. “O respeito tem que ser acima de tudo e de todos. A gente tem que respeitar um ao outro, principalmente aqui nesta Casa”, discursou Irapoã.
O vereador Tárcio de Eudiane (União) também comentou o caso. “Peço respeito à vereadora Samanda. Pode ser de partido a, partido b. Não defendo partido nenhum. Vamos discutir política, não o pessoal. Cada um tem seu partido, a sua bancada. Precisamos respeitar os colegas que trabalham aqui, porque são quatro anos juntos no plenário. Se a gente não se respeitar, vai chegar o momento em que isso aqui vai ficar pior ainda. Temos quatro anos para trabalhar por Natal”, disse Tárcio.
Pelas redes sociais, a vereadora Brisa Bracchi (PT) disse que Leo Souza fez uma “fala machista”. “Em pleno Agosto Lilás, é inadmissível que a violência política de gênero se instale no plenário da Câmara. Esse tipo de ataque reforça estereótipos, tenta calar vozes femininas e deslegitimar nossa atuação política, mas fica o recado: Não aceitaremos intimidação!”, escreveu Brisa.
“Deixe de mimimi”
A vereadora afirmou que não se deixará intimidar. “Foi uma tentativa clara de me deslegitimar por apenas exercer minha prerrogativa parlamentar. Atitude covarde, usada para intimidar sempre que fiscalizamos a Prefeitura. Mas não me intimida. Seguirei firme defendendo o povo de Natal”, declarou.
Após a repercussão da fala, Leo Souza publicou nas redes sociais um pequeno vídeo do momento de seu discurso. Na legenda, ele escreveu: “Até agora esperando uma nota de solidariedade pela grave situação da saúde do Rio Grande do Norte”. A publicação é ilustrada por uma música que fala “deixe de mimimi”.
AgoraRN
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