Maurício Meirelles abre o jogo sobre programa na Globo e vida no palco
O comediante bateu um papo exclusivo com a coluna e falou sobre a carreira no teatro, no YouTube e na TV aberta; confira

Maurício Meirelles está em todos os lugares: na TV, no teatro, no YouTube… sempre buscando novas formas de fazer humor. Em entrevista à coluna Fábia Oliveira, o comediante contou que o palco ainda é seu lugar preferido, de onde surgem os formatos para outras plataformas.
“O show ao vivo tem uma energia muito maior… mais possibilidades e, principalmente, mais liberdade. No palco é onde eu estou melhor, onde eu mais gosto de estar”, disse o humorista.
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Atualmente, Maurício Meirelles também atua no Aberto ao Público, programa de humor da Globo. Sobre o projeto, ele contou que a equipe grava horas de material e depois seleciona os melhores momentos, adaptando a linguagem para atingir diferentes públicos. “Não é censura, é só pensar em como falar com muita gente ao mesmo tempo”, explicou.
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O humorista Maurício Meirelles.Reprodução/Redes sociais.
Outro sucesso de Meirelles é o quadro Webbullying, que mistura humor e participação da plateia. No papo com a coluna, ele lembrou situações inusitadas, como casais que começaram a se conhecer após brincadeiras do programa. Aliás, a nova temporada do show promete novidades: inteligência artificial, telão interativo e mais protagonismo para o público. “Acho que é o show mais legal que já fiz, justamente por essa liberdade de brincar no momento”, contou.
E hoje, com tantas frentes, Maurício Meirelles ainda revelou o que diria para o Maurício Meirelles do passado. “Não imaginava que dava pra trabalhar mais”, brincou ele.
Confira aentrevista completa com Maurício Meirelles:
O que tem te motivado mais hoje: palco, TV ou internet? Palco. Porque é do palco que nasce o formato da TV e da internet. Eu adoro criar outros tipos de formato, mas hoje estou amando levar o palco para outras plataformas, levar o teatro para outros lugares, criar dinâmicas e interações diferentes. O show ao vivo tem uma energia muito maior, mais contextos, mais possibilidades e, principalmente, mais liberdade. No palco é onde eu estou melhor, onde eu mais gosto de estar. Claro que a gente adapta para a TV e para a internet, mas a experiência de quem assiste ao vivo é mil vezes melhor.
Você se sente mais livre na televisão aberta do que imaginava? Existe muita lenda sobre a falta de liberdade na TV aberta. No Aberto ao Público, que é gravado no teatro, somos superlivres para criar. Gravamos cerca de três horas de material, e depois selecionamos os melhores 30 minutos. A ideia é sempre atingir o maior número de pessoas, já que o Brasil é muito diverso: tem religiosos, famílias, diferentes classes sociais. Então, em vez de restringir, a gente adapta a linguagem. Evitamos palavrões e escatologia, por exemplo. Não é censura, é só pensar em como falar com muita gente ao mesmo tempo.
Como surgiu a ideia do programa Aberto ao Público? Foi uma demanda da Globo. Eles queriam um programa popular de comédia na TV aberta. O stand-up já lota teatros e arenas pelo Brasil, nossos vídeos na internet são muito assistidos, então fazia sentido adaptar isso para a TV. A partir daí fomos testando formatos. Alguns quadros funcionaram muito bem, outros menos, mas a audiência foi ótima. Por isso agora vamos para a segunda temporada, e sinto que estamos cada vez mais acertando.
O programa tem um formato moderno. Quais referências te inspiraram na criação? A maior referência vem da vivência no teatro. Todo comediante interage com a plateia, e daí surgem respostas engraçadas e curiosas. O stand-up tem muito do texto, mas se fosse só isso talvez não atingisse tantas pessoas. Então reunimos quatro comediantes diferentes, cada um com sua experiência, e ainda abrimos espaço para o público. Dessa mistura surgem histórias e visões engraçadas. Minhas inspirações são o trabalho que já fazemos nos palcos e nas redes sociais.
O “Webbullying” virou um fenômeno. Qual foi o momento mais surreal? Do início até hoje, vivi situações muito curiosas e aprendi a lidar com mais cuidado. Hoje o quadro é muito mais voltado para diversão do que para constrangimento. Claro que uma ou outra coisa escapa, mas a ideia é ser saudável. Já fui responsável até por casamentos! Teve gente que começou a conversar depois de uma brincadeira minha e acabou namorando. Inclusive, já fui até padre de um casamento de um casal que se conheceu por causa do Webbullying.
O que o público pode esperar de diferente nessa nova temporada do show? O show sempre se renova, porque os temas vêm da própria sociedade. Estou sempre atualizando o texto com o que está acontecendo no mundo. O Webbullying também ganhou novidades, agora com recursos como inteligência artificial e telão interativo. Estou descendo mais para a plateia, dando protagonismo ao público. Isso deixa o show mais divertido e espontâneo. Acho que é o show mais legal que já fiz, justamente por essa liberdade de brincar no momento.
Existe alguma “regra de ouro” para saber até onde ir na zoeira com o público? Sim. Depois de tanto tempo, entendi que a graça não é testar limites, e sim divertir. As pessoas entram sabendo da brincadeira e só participa quem quer. Nunca pego o celular de alguém sem consentimento, por exemplo. Tem até um momento de votação para quem deseja participar. A ideia é criar histórias engraçadas, sem constrangimento.
O canal Achismos TV tem um alcance impressionante. O que explica esse sucesso em furar bolhas? Acho que é porque, enquanto todo mundo quer mostrar que sabe de tudo, eu assumi minha ignorância. Por isso o nome Achismos. Eu não tento debater de igual para igual, eu quero aprender. Trago convidados dos mais diversos — de faxineiros a diplomatas, de pedreiros a políticos. Faço perguntas que muita gente também gostaria de fazer, e isso aproxima. Acho que o sucesso está aí: minhas dúvidas são as dúvidas de muita gente.
Como escolhe os convidados? Tem mais a ver com relevância ou curiosidade pessoal? É um misto. No começo, era pura curiosidade: queria entrevistar delegado, padre, faxineira, bombeiro, chaveiro, gente comum. Depois passei a buscar também temas — milícia, tráfico, geopolítica —, assuntos que eu mesmo não entendia. E hoje também entra a relevância: como pensa o Tiago Leifert, o Danilo Gentili, um político? Então é uma combinação de curiosidade e interesse público.
Em algum momento você sentiu que ia “estourar a bolha” ou aconteceu por acaso? Acho que furar bolha nunca é planejado, é espontâneo. Sempre produzi coisas que eu gostaria de assistir. Muita gente se identifica comigo, com minhas dúvidas de brasileiro. É natural que alguns projetos agradem uns e outros não. E tudo bem, não dá para agradar a todos. O que percebo é que, somando os diferentes projetos, acabo alcançando mais gente do que se ficasse preso a um só formato.
O que o Maurício dos tempos do CQC diria sobre o Maurício de hoje? Ele diria: “Não imaginava que dava pra trabalhar mais”. Porque no CQC eu trabalhava muito, mas tinha limites de matérias, de tempo, de equipe. Hoje eu sou dono de uma indústria: um canal com 5 milhões de inscritos, um programa na Globo, meus shows. Faço tudo isso com felicidade, mas muito mais do que antes. Isso me deixa orgulhoso, mas também com uma vontade maior de descansar e ir à praia (risos).
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