Moraes manda Cláudio Castro explicar operação no RJ e marca audiência

Ministro do STF pediu, entre outras informações, número oficial de mortos e protocolos para evitar eventuais abusos e violações de direitos

Oct 29, 2025 - 18:00
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Moraes manda Cláudio Castro explicar operação no RJ e marca audiência

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta quarta-feira (29/10) que o governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), preste uma série de esclarecimentos a respeito à operação policial mais letal da história do Rio de Janeiro. Castro deve explicar ponto a ponto da operação conforme pedido pelo Conselho Nacional dos Direitos Humanos (CNDH) acerca da operação nos complexos do Alemão e da Penha.

Para tanto, Moraes marcou audiência para o dia 3 de novembro, com horários definidos para o governador, integrantes da polícia e outros. O ministro será o responsável pela condução. Veja: 

  • governador do Estado do Rio de Janeiro, juntamente com o secretário de Segurança Pública do Estado, o Comandante da Polícia Militar, o delegado-Geral da Polícia Civil e o diretor da Superintendência-Geral de Polícia Técnico-Científica, às 11h00;
  • presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro às 13h30;
  • procurador-Geral de Justiça do Estado do Rio de Janeiro às 15h e
  • defensor Público Geral do Estado do Rio de Janeiro às 16h30.
  • Pela decisão, o governador deverá apresentar as informações de maneira detalhada na audiência designada.

A decisão de Moraes se dá no âmbito da chamada “ADPF das Favelas”, que tramita no STF. A ADPF das Favelas é a ação que monitora o problema da letalidade policial no Rio de Janeiro. Ela estava sob a relatoria de Luís Roberto Barroso desde setembro, quando Edson Fachin assumiu a presidência do STF. Com a aposentadoria de Barroso e sem um novo ministro, a ação ficou sem relator. Como não tinha revisor, ela foi deslocada para a responsabilidade do ministro Alexandre de Moraes, que atuará no caso até que o próximo ministro entre no lugar de Barroso.

Na manifestação apresentada pelo CNDH, é lembrada a homologação parcial do plano de redução da letalidade policial e determinado o respeito aos princípios de uso proporcional da força, bem como a instalação de equipamentos de gravação nas fardas e viaturas policiais.

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O conselho ressalta que, mesmo diante da decisão, ocorreu nesta terça-feira (28/10), a “operação policial mais letal da história do Rio de Janeiro”. A megaoperação, descrita como mais uma etapa da “Operação Contenção” nos complexos do Alemão e da Penha, resultou em uma série de mortes, hoje contabilizadas pela polícia em 119 e pela Defensoria Pública, em 132, incluindo quatro policiais. Além disso, 113 pessoas foram presas.

Assim, conforme pedido do CNDH, Moraes determinou que o governo do RJ preste das seguintes informações:

  • Relatório circunstanciado sobre a operação;
  • Prévia definição do grau de força adequado e justificativa formal para sua realização;
  • Número de agentes envolvidos, identificação das forças atuantes e armamentos utilizados;
  • Número oficial de mortos, feridos e pessoas detidas;
  • Adoção de medidas para garantir a responsabilização em caso de eventuais abusos e violações de direitos, incluindo a atuação dos órgãos periciais para realização de perícia e identificação de vestígios de crimes, uso de câmeras corporais e câmeras nas viaturas;
  • Providências adotadas para assistência às vítimas e suas famílias, incluindo a presença de ambulâncias;
  • Protocolo ou Programa de medidas de não repetição na forma da legislação vigente;
  • A adoção, pelo STF, de medidas complementares e urgentes de monitoramento e fiscalização quanto ao cumprimento das determinações estabelecidas no acórdão da ADPF 635, em especial diante de mais um episódio de letalidade policial ocorrido no estado do Rio de Janeiro.
5 imagensMegaoperação no Rio de JaneiroMegaoperação no Rio de JaneiroMegaoperação das polícias deixa vários policiais feridos e mortos. O Hospital Getúlio Vargas, na Penha, recebeu os feridos. Na foto: policial baleado chegando no HGVMegaopoeração contra o CV, no Rio de JaneiroFechar modal.1 de 5

Cerca de 2.500 agentes das policias civil e militar participam nesta terca-feira (28) da "Operacao Contencaoî nos complexos da Penha e do Alemao, Zona Norte do RioGBERTO RAS/Agencia Enquadrar/Agencia O Globo2 de 5

Megaoperação no Rio de JaneiroFabiano Rocha / Agência O Globo3 de 5

Megaoperação no Rio de JaneiroFabiano Rocha / Agência O Globo4 de 5

Megaoperação das polícias deixa vários policiais feridos e mortos. O Hospital Getúlio Vargas, na Penha, recebeu os feridos. Na foto: policial baleado chegando no HGVGabriel de Paiva / Agência O Globo5 de 5

Megaopoeração contra o CV, no Rio de JaneiroReprodução/Redes sociais

ADPF das Favelas

Em abril deste ano o STF aprovou, com a adesão unânime dos 11 ministros, medidas estruturais para a redução do combate à letalidade policial e ao crime organizado no Rio de Janeiro. A decisão foi exposta no julgamento acerca da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 635, conhecida como “ADPF das Favelas“.

Entre as mudanças, previstas na decisão estava a de que a Polícia Federal (PF) deverá investigar crimes de organizações criminosas com atuação interestadual, enquanto o estado terá que apresentar um plano de retomada de territórios dominados por facções, com financiamento federal.

[As medidas incluem ainda normas específicas para operações próximas a escolas e hospitais, garantindo proporcionalidade no uso da força.

STF ainda determinou uma série de medidas para aumentar o controle e a transparência em operações policiais que resultem em mortes, tanto de civis quanto de agentes de segurança. Entre as principais exigências estão a preservação imediata do local do crime, a obrigatoriedade de autópsia em casos de mortes por intervenção policial e a conclusão das investigações pelas corregedorias em até 60 dias.

O tribunal também reforçou a necessidade de dados públicos detalhados sobre confrontos e determinou a expansão do uso de câmeras corporais e em viaturas no Rio de Janeiro

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