Nova vítima de ataque homofóbico de jornalista lamenta impunidade
Adriana Ramos foi flagrada fazendo novo ataque homofóbico em prédio de São Paulo dois dias depois de ter sido presa pelo mesmo motivo

Gustavo Leão, um dos jovens que foi vítima de novo ataque homofóbico por parte da jornalista Adriana Ramos, apenas dois dias após ela ter sido presa por chamar um homem de 39 anos de “bicha nojenta”, no Shopping Iguatemi, na zona oeste de São Paulo, lamentou, em entrevista ao Metrópoles, a impunidade das ações da comunicadora.
Adriana foi flagrada nessa segunda-feira (16/6) chamando Gustavo e outros vizinhos do prédio em que mora de “boiola depilada”, além de gritar repetidas vezes que o homem “dá o cu” (veja abaixo). Como a nova vítima não conseguiu prestar queixa no dia do ocorrido, a jornalista – que havia sido levada ao 2º Distrito Policial (Bom Retiro) para dar o seu depoimento – foi liberada “como se nada tivesse acontecido”, lamentou Gustavo.
“Além de tudo, a impunidade é o que mais nos entristece neste momento”, disse.
Gustavo pretende fazer a queixa contra Adriana Ramos ainda na manhã desta terça-feira (17/6).
Veja o vídeo:
A Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que, tão logo o boletim de ocorrência com a queixa seja deferido, a ocorrência será encaminhada ao DP da área para que o caso seja devidamente investigado.
Ataque homofóbico em shopping
No último sábado (14/6), a jornalista Adriana Ramos já havia sido flagrada por testemunhas chamando o gerente de projetos Gabriel Galluzzi, de 39 anos, de “bicha nojenta” e “assassino”. As imagens não mostram Gabriel, nem o início da confusão, mas é possível ouvir a jornalista proferir algumas das ofensas citadas.
Veja:
Em nota, o Shopping Iguatemi lamentou a ocorrência entre os dois clientes, esclareceu que prestou todo o apoio necessário e disse que seguia à disposição das autoridades competentes.
Leia também
-
São Paulo
Vítima de homofobia em shopping de SP desabafa: “Desmoralizado”. Ouça
-
São Paulo
“Boiola depilada”: jornalista faz novos ataques homofóbicos. Veja
-
São Paulo
“Bicha nojenta”: vítima de homofobia em SP revela cronologia de crime
-
São Paulo
Jornalista presa por homofobia em shopping foi apresentadora na Globo
O empreendimento reforçou que “o respeito à diversidade — em todas as suas formas — é um valor inegociável” e que repudia qualquer ato de discriminação e intolerância.
4 imagens
Fechar modal.
1 de 4
Jornalista é presa por ataque homofóbicoReprodução/ Redes Sociais2 de 4
A jornalista Adriana RamosReprodução/Redes sociais3 de 4
Adriana RamosReprodução4 de 4
Adriana RamosReprodução
A mulher foi presa em flagrante e passou a noite na cadeia, saindo no dia seguinte após audiência de custódia.
O que diz a jornalista
- Depois de quatro horas na delegacia na noite de sábado, Adriana gravou um vídeo e publicou no próprio perfil nas redes sociais.
- Na gravação, ela diz que foi agredida por pessoas que estavam ao seu lado que “começaram a escarnecer” da condição física dela.
- “Me chamaram de velha, me chamaram de doente e riram de mim.”
- Ela ainda afirma que pediu a conta para ir embora, mas que mesmo assim continuou sendo vítima dos ataques.
- Adriana se dirige a si mesma como uma pessoa doente, que tem problema físico e que passará por cirurgia, tendo que tomar remédio para dor.
- A polícia não citou os ataques citados pela mulher na nota para a imprensa.
Ao Metrópoles Gabriel disse que a narrativa da mulher é o contrário do que realmente aconteceu e que só teria chamado Adriana de velha após a mulher proferir as ofensas homofóbicas.
Os dois foram levados ao 14° Distrito Policial (Pinheiros) juntamente com as pessoas que presenciaram o ato. Segundo a SSP, testemunhas confirmaram a versão da vítima.
Jornalista passou noite na cadeia
Adriana Ramos foi solta no domingo (15/6), após passar por audiência de custódia. Ela está em liberdade provisória.
Segundo a decisão judicial, a liberdade está subordinada a algumas medidas cautelares: comparecimento mensal em Juízo para informar e justificar suas atividades, bem como eventual atualização de endereço; a obrigação de manter o endereço atualizado junto à Vara competente (informando imediatamente eventual alteração); a proibição de frequentar o Shopping Iguatemi, local em que ocorreram os fatos e a proibição de ausentar-se da Comarca de residência por mais de oito dias sem prévia comunicação ao Juízo, sob pena de revogação do benefício e imediato recolhimento à prisão.
A vítima, Gabriel Galluzzi, afirmou à reportagem que irá dar sequência ao processo e que aguarda as ações da Justiça.
Quem é a jornalista
Adriana Catarina Ramos de Oliveira tem 61 anos e é mãe de duas filhas.
A comunicadora começou a carreira no rádio, depois foi para a TV, passando pelos departamentos de telejornalismo da Rede Globo, TV Cultura, Record TV, entre outras emissoras. Segundo Adriana, durante quase 10 anos, ela investigou a espiritualidade e sua influência nas pessoas. E também manteve um blog sobre viagens.
Adriana Catarina Ramos de Oliveira é autora de dois livros: “Uma Prova do Céu” e “Cartas Celestes”.
What's Your Reaction?






