O temor dos ambientalistas sobre a COP30 em Belém
Parlamentares brasileiros ambientalistas demonstram, nos bastidores, um receio sobre a COP30, que acontece em novembro, em Belém (PA)

Parlamentares ambientalistas do Congresso Nacional têm expressado, nos bastidores, preocupação com os rumos da COP30, a conferência do clima da ONU que acontecerá no mês de novembro em Belém (PA).
Um dos receios é de que, assim como aconteceu com a COP29, que ocorreu em 2024 no Azerbaijão, lobistas pouco comprometidos com a pauta ambiental utilizem a conferência para seus próprios interesses.
Em 2024, a COP acabou marcada pelo lobby a favor do petróleo e do gás. O próprio presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, chegou a declarar, durante o evento, que os dois produtos eram “presentes de Deus”.
Agora, o temor de ambientalistas brasileiros é de que o agronegócio utilize a conferência em Belém para promover práticas pouco alinhadas ao meio ambiente — e que parte do governo Lula compre essa narrativa.
Ambientalistas lembram, por exemplo, que o debate sobre a exploração de petróleo na foz do rio Amazonas divide o governo e causa desconforto entre os ministérios do Meio Ambiente e de Minas e Energia.
Agro se movimenta
Lideranças ambientalistas também lembram que o setor da agropecuária já está se movimentando para a COP30. Uma série de eventos “pré-COP” está acontecendo pelo Brasil, organizados pelo segmento.
Por exemplo, em meados de abril, aconteceu em São Paulo um encontro organizado pela Associação Brasileira do Agronegócio (Abag) para tratar de uma “mensagem coesa” sobre o agro na COP30.
Deputados e senadores que militam na área ambiental afirmam ainda que boa parte da atual cúpula da Câmara e do Senado também caminha nesse sentido de flexibilização das regras ambientais.
Na terça-feira (13/5), durante evento do Lide em Nova York, o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), defendeu o uso da COP para “desmistificar” o agro brasileiro.
“O Brasil tem uma oportunidade este ano, do ponto de vista ambiental. E aqui o agronegócio, senadora (Tereza) Cristina, terá mais uma oportunidade de desmistificar, com a realização da COP30 em Belém, o que o nosso agro representa e o quanto nós preservamos. O Brasil realizará esse evento, e eu penso que será uma oportunidade para que o nosso agronegócio — e para que nós, que conhecemos a importância que o agro tem para a nossa economia — possa, de certa forma, tirar muitas dúvidas e mostrar ao mundo que o Brasil é, sim, um país que respeita o meio ambiente, que tem um código florestal duro e que concilia bem a preservação ambiental com a nossa produção”, disse.
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