Operador geria propina de dentro da Prefeitura de São Bernardo, diz PF
Paulo Iran, apontado como principal operador de esquema que envolvia Marcelo Lima, usava post its para organizar pagamentos, segundo a PF

Apontado como principal operador de um esquema de corrupção envolvendo o prefeito de São Bernardo do Campo, o servidor Paulo Iran Paulino Costa organizava os pagamentos de propina de dentro do Paço Municipal, onde está localizada a prefeitura da cidade, de acordo com a Polícia Federal. A informação foi constatada por meio de metadados de fotografias na galeria de seu celular.
Paulo Iran foi alvo de um mandado de prisão preventiva no âmbito da Operação Estafeta, deflagrada nesta quinta-feira (14/8). No mês passado, ele foi encontrado com R$ 14 milhões em dinheiro vivo, o que deu origem à investigação. Na operação de hoje, o prefeito Marcelo Lima (Podemos) foi afastado por suspeita de envolvimento no esquema.
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Na representação pelos mandados, a PF citou diversas conversas e anotações de Paulo Iran que associavam valores aos nomes de outros investigados, como o próprio prefeito.
As investigações indicam que o operador organizava os pagamentos de propina por meio de post its. A lápis, ele escrevia informações sobre qual seria o destino de cada quantia de dinheiro, com os códigos “Lixo”, “Saúde” e “U$”.
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Dinheiro encontrado na casa de um servidor públicoDivulgação/ PF2 de 10
Dinheiro em espécie na casa de um servidor públicoDivulgação/ PF3 de 10
R$ 210 mil em espécie foram achados na casa do sócio de uma empresa de medicamentosDivulgação/ PF4 de 10
PF fez apreensões de cédulas de dinheiro em uma empresa de medicamentosDivulgação/ PF5 de 10
Quase R$ 2 milhçoes foram apreendidos na casa de um sócio de empresa de terraplanagem foi alvo de mandado de buscaDivulgação/ PF6 de 10
Pilhas de dinheiro achadas na casa do sócio de uma empresa de terraplanagemDivulgação/ PF7 de 10
Relógios apreendidos na casa do sócio de uma empresa de exportação e importação Divulgação/ PF8 de 10
Arma e munição apreendidas na casa do sócio de uma empresa de exportação e importação Divulgação/ PF9 de 10
Arma e dinheiro apreendidos na casa do sócio de uma empresa de exportação e importação Divulgação/ PF10 de 10
Relógios de luxo apreendidos na casa do sócio de uma empresa de exportação e importação Divulgação/ PF
Os metadados de uma das imagens, registrada em 17 de junho deste ano, indicam a localização nas coordenadas -23.695478; -46.551769, que coincidem com o endereço da Prefeitura Municipal.
“Esse detalhe sugere que as transações e o controle financeiro eram gerenciados em um ambiente oficial, indicando que os indivíduos envolvidos frequentam assiduamente esse espaço institucional, o que torna ainda mais robusto o vínculo das atividades de Paulo Iran com as atividades do Executivo Municipal”, afirma a PF.
Metadados
Iran é apontado pela PF como operador financeiro do prefeito de São Bernardo. Segundo a investigação, ele pagava despesas pessoais da família Lima, como cartões de crédito, contas de telefone e até a faculdade de medicina da filha dele.
A Polícia Federal chegou a pedir a prisão do prefeito Marcelo Lima, mas o pedido foi negado. O desembargador determinou, contudo, o afastamento dele e uso de tornozeleira eletrônica.
Quem são os outros alvos da operação
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- Antonio Rene da Silva Chagas — Ao lado de Paulo Iran Paulino Costa, o servidor Antonio Rene da Silva Chagas, conhecido como “Renegade”, atuava na divisão do dinheiro obtido por meio do esquema, que seria entregue para os beneficiários em mochilas e caixas de papelão.
- Fabio Augusto do Prado — Apelidado no esquema como “Fabio Campanha” e “Sacolão”, o secretário de Coordenação Governamental, Fabio Augusto do Prado, teria sido flagrado em conversas de WhatsApp com operadores do esquema falando sobre a “chegada de valores”, que seriam recebido por meio de dinheiro fracionado.
- Roque Araújo Neto — Também apontado como operador do esquema, o servidor da Câmara Municipal de São Bernardo do Campo Roque Araújo Neto aparece em anotações do caixa clandestino de Paulo Iran. Nos papéis encontrados, havia um crédito de R$ 390 mil associado ao nome dele.
- Sócios da Quality — Felipe Rafael Pereira Fabri e Caio Henrique Pereira Fabri, sócios da Quality Medical Comercio e Distribuidora de Medicamentos, são alvos da operação porque nas anotações de Paulo Iran a empresa é associada a valores expressivos, que somam pelo menos R$ 666 mil.
- Sócios do Consórcio São Bernardo Soluções — Luís Roberto Peralta e Leonardo Agnello Pegoraro, sócios do Sócios do Consórcio São Bernardo Soluções, também são alvos de mandados de busca por anotações relacionando a empresa a pagamentos, de pelo menos R$ 174 mil.
- Sócio da Ballarin Imobiliária — Apesar de empresa, ao contrário de outras investigadas, não prestar serviço para a prefeitura, o sócio Murilo Batista de Carvalho foi alvos de mandado de busca. Em anotações de Paulo Iran, Murilo aparece associado ao número 400, o que, para a PF, também poderia indicar um pagamento.
- Sócio da Terraplanagem Alzira Franco — Assim como no caso da Ballarim, a empresa Terraplanagem Alzira Franco, de Edmilson de Deus Carvalho, também não possui contrato com a gestão municipal de São Bernardo do Campo. No entanto, nas anotações do principal operad0r do esquema conta “Edmilson 30k ok”, o que indicaria a movimentação de R$ 30 mil. A PF cita ainda uma conversa de 2024 em que Edmilson dá a Iran orientações sobre quando quantias em dinheiro deveriam ser entregues.
- Danilo Lima de Ramos — O vereador Danilo Lima de Ramos, segundo a PF, é mencionado em conversas entre Paulo Iran e Fabio Augusto Prado. “Do Danilo, é uma conta do Danilo, os negócios dele lá… Outras coisas, entendeu?”, diz Iran em um dos trechos mencionados. Há ainda, indicação de depósito solicitado por Danilo e feito pelo operador na conta de terceiro.
- Ary José de Oliveira — O vereador Ary José de Oliveira também aparece em conversas dos operadores do esquema. “Ary até agora 3x de 50”, diz Paulo Iran. Há ainda, anotações, diversos valores associados ao nome do parlamentar, diz a PF.
- Paulo Sérgio Guidetti — Ex-secretário de Administração e atual servidor municipal de São Bernardo do Campo, Paulo Sérgio Guidetti é mais um que aparece em mensagens trocadas por Paulo Iran. “Acabei de pegar… ele disse pra conferir. Provavelmente veio os 150”, afirma o operador.
O Metrópoles tenta contato com as defesas dos investigados. O espaço segue aberto para manifestações.
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