Órgão ligado à ONU diz que há fome generalizada em Gaza e culpa Israel, que rejeita
Palestinos tentam receber alimentos doados em uma cozinha comunitária na Cidade de Gaza, no norte da Faixa de Gaza, neste sábado (16) Jehed Alshrafi/AP A principal autoridade mundial em crises alimentares anunciou nesta sexta-feira (22) que há fome generalizada na Faixa de Gaza, o primeiro caso do tipo no Oriente Médio, e que esse cenário foi construído por Israel. O governo israelense disse que não há fome generalizada em Gaza e repudiou o relatório, que chamou de "falso e distorcido". Esse nível de fome foi identificado na Cidade de Gaza, a maior do território palestino e alvo de uma nova operação terrestre do Exército israelense, e pode se expandir para o restante do território nos próximos meses se a situação atual não mudar, segundo a Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar (IPC, na sigla em inglês). ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp "Há fome generalizada em Gaza, em pleno no século 21. Uma fome que se desenvolve sob o olhar de drones e da tecnologia mais moderna. Uma fome promovida abertamente por alguns líderes israelenses como uma arma de guerra. A fome de Gaza é prevenível e deve nos assombrar. É uma fome que foi produzida pela vingança e habilitada pela inépcia mundial. Chega. É necessário um cessar-fogo e a abertura das fronteiras. É tarde demais para muitos [palestinos]. Pelo bem da humanidade, nos deixem entrar [em Gaza]", afirmou o subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Tom Fletcher. Segundo o IPC, ao menos 132 mil crianças com menos de cinco anos correm risco de morrer por desnutrição aguda. Esse número dobrou desde maio e inclui mais de 41 mil casos graves. Mais de 200 pessoas morreram de fome em Gaza desde o início do conflito, de acordo com a ONU. Enfático em discurso nesta sexta, Fletcher afirmou que o relatório do IPC "é uma prova inegável de uma fome evitável", causada por "obstrução sistemática israelense" da entrada de ajuda em larga escala em Gaza. O subsecretário disse ainda que há toneladas de comida parada na fronteira, impedida de entrar no território. Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores israelense afirmou que o relatório do IPC foi "fabricado sob medida" para servir de campanha para o grupo terrorista Hamas, e afirmou que o órgão especializado em segurança alimentar mente para difamar Israel. "Não há fome em Gaza. IPC, pare de mentir. Todo o documento do IPC baseia-se em mentiras do Hamas, recicladas por organizações com interesses próprios. (...) Relatórios e avaliações anteriores do IPC já se mostraram repetidamente imprecisos e não refletem a realidade no terreno. (...) As leis da oferta e da demanda não mentem — o IPC, sim. Todas as previsões que o IPC fez sobre Gaza durante a guerra se mostraram infundadas e completamente falsas. Essa avaliação também será jogada na desprezível lata de lixo dos documentos políticos", afirmou o ministério em publicações no X. Israel disse ainda que mais de 100 mil caminhões de ajuda humanitária entraram em Gaza desde o início da guerra —uma média de 146 por dia, abaixo da quantidade mínima recomendada pela ONU, de 400 a 500—, e que nas últimas semanas "um enorme fluxo de ajuda inundou o território com alimentos básicos". O relatório da IPC vem após meses de alertas de organizações humanitárias de que as restrições impostas por Israel à entrada de alimentos e outros suprimentos em Gaza, somadas à ofensiva militar, estavam agravando sem precedentes a crise humanitária em Gaza e causando níveis elevados de fome entre palestinos, especialmente crianças. Em julho, o IPC disse que a fome no território havia atingido a fase 5, a mais grave possível e considerada "catástrofe humanitária". Esse marco —a primeira vez que a IPC confirma uma fome no Oriente Médio— deve aumentar a pressão internacional sobre Israel, que trava uma guerra contra o grupo terrorista Hamas em Gaza desde o ataque terrorista de 7 de outubro de 2023. Israel afirma querer tomar toda a Cidade de Gaza para dominar os redutos restantes do Hamas, o que, segundo especialistas, agravará ainda mais a crise de fome. Palestinos começaram a evacuar a cidade na quinta-feira em meio a bombardeios israelenses. (Leia mais abaixo) Israel inicia operação na Cidade de Gaza Exército de Israel avança sobre a Cidade de Gaza, e comunidade internacional repudia O Exército israelense iniciou os "primeiros estágios" da tomada da Cidade de Gaza, a mais populosa da Faixa de Gaza e já controla os arredores do local, anunciou o porta-voz Effie Defrin nesta quarta-feira (20). A tomada da cidade, que prevê uma ampla operação terrestre com tanques, soldados e intensos bombardeios, integra plano para captura total do território palestino aprovado pelo gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, no início de agosto, e vem sendo preparado pelas Forças Armadas desde então. Também nesta quarta-feira, o gabinete do Netanyahu ordenou ao Exército a "redução dos prazos" para assumir o controle de redutos do


Palestinos tentam receber alimentos doados em uma cozinha comunitária na Cidade de Gaza, no norte da Faixa de Gaza, neste sábado (16) Jehed Alshrafi/AP A principal autoridade mundial em crises alimentares anunciou nesta sexta-feira (22) que há fome generalizada na Faixa de Gaza, o primeiro caso do tipo no Oriente Médio, e que esse cenário foi construído por Israel. O governo israelense disse que não há fome generalizada em Gaza e repudiou o relatório, que chamou de "falso e distorcido". Esse nível de fome foi identificado na Cidade de Gaza, a maior do território palestino e alvo de uma nova operação terrestre do Exército israelense, e pode se expandir para o restante do território nos próximos meses se a situação atual não mudar, segundo a Classificação Integrada da Fase de Segurança Alimentar (IPC, na sigla em inglês). ✅ Clique aqui para seguir o canal de notícias internacionais do g1 no WhatsApp "Há fome generalizada em Gaza, em pleno no século 21. Uma fome que se desenvolve sob o olhar de drones e da tecnologia mais moderna. Uma fome promovida abertamente por alguns líderes israelenses como uma arma de guerra. A fome de Gaza é prevenível e deve nos assombrar. É uma fome que foi produzida pela vingança e habilitada pela inépcia mundial. Chega. É necessário um cessar-fogo e a abertura das fronteiras. É tarde demais para muitos [palestinos]. Pelo bem da humanidade, nos deixem entrar [em Gaza]", afirmou o subsecretário-geral da ONU para Assuntos Humanitários, Tom Fletcher. Segundo o IPC, ao menos 132 mil crianças com menos de cinco anos correm risco de morrer por desnutrição aguda. Esse número dobrou desde maio e inclui mais de 41 mil casos graves. Mais de 200 pessoas morreram de fome em Gaza desde o início do conflito, de acordo com a ONU. Enfático em discurso nesta sexta, Fletcher afirmou que o relatório do IPC "é uma prova inegável de uma fome evitável", causada por "obstrução sistemática israelense" da entrada de ajuda em larga escala em Gaza. O subsecretário disse ainda que há toneladas de comida parada na fronteira, impedida de entrar no território. Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores israelense afirmou que o relatório do IPC foi "fabricado sob medida" para servir de campanha para o grupo terrorista Hamas, e afirmou que o órgão especializado em segurança alimentar mente para difamar Israel. "Não há fome em Gaza. IPC, pare de mentir. Todo o documento do IPC baseia-se em mentiras do Hamas, recicladas por organizações com interesses próprios. (...) Relatórios e avaliações anteriores do IPC já se mostraram repetidamente imprecisos e não refletem a realidade no terreno. (...) As leis da oferta e da demanda não mentem — o IPC, sim. Todas as previsões que o IPC fez sobre Gaza durante a guerra se mostraram infundadas e completamente falsas. Essa avaliação também será jogada na desprezível lata de lixo dos documentos políticos", afirmou o ministério em publicações no X. Israel disse ainda que mais de 100 mil caminhões de ajuda humanitária entraram em Gaza desde o início da guerra —uma média de 146 por dia, abaixo da quantidade mínima recomendada pela ONU, de 400 a 500—, e que nas últimas semanas "um enorme fluxo de ajuda inundou o território com alimentos básicos". O relatório da IPC vem após meses de alertas de organizações humanitárias de que as restrições impostas por Israel à entrada de alimentos e outros suprimentos em Gaza, somadas à ofensiva militar, estavam agravando sem precedentes a crise humanitária em Gaza e causando níveis elevados de fome entre palestinos, especialmente crianças. Em julho, o IPC disse que a fome no território havia atingido a fase 5, a mais grave possível e considerada "catástrofe humanitária". Esse marco —a primeira vez que a IPC confirma uma fome no Oriente Médio— deve aumentar a pressão internacional sobre Israel, que trava uma guerra contra o grupo terrorista Hamas em Gaza desde o ataque terrorista de 7 de outubro de 2023. Israel afirma querer tomar toda a Cidade de Gaza para dominar os redutos restantes do Hamas, o que, segundo especialistas, agravará ainda mais a crise de fome. Palestinos começaram a evacuar a cidade na quinta-feira em meio a bombardeios israelenses. (Leia mais abaixo) Israel inicia operação na Cidade de Gaza Exército de Israel avança sobre a Cidade de Gaza, e comunidade internacional repudia O Exército israelense iniciou os "primeiros estágios" da tomada da Cidade de Gaza, a mais populosa da Faixa de Gaza e já controla os arredores do local, anunciou o porta-voz Effie Defrin nesta quarta-feira (20). A tomada da cidade, que prevê uma ampla operação terrestre com tanques, soldados e intensos bombardeios, integra plano para captura total do território palestino aprovado pelo gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, no início de agosto, e vem sendo preparado pelas Forças Armadas desde então. Também nesta quarta-feira, o gabinete do Netanyahu ordenou ao Exército a "redução dos prazos" para assumir o controle de redutos do Hamas e derrotar o grupo terrorista palestino. O comunicado do governo, no entanto, não especificou quais são as novas datas. Segundo Defrin, a nova ofensiva entrou em seus "primeiros estágios" após um confronto com o grupo terrorista Hamas, porém não deu mais detalhes. Israel ainda se prepara para lançar a ofensiva com força total, e para isso convocou outros 60 mil reservistas nesta quarta. A operação militar na Cidade de Gaza e seus arredores será "progressiva, precisa e seletiva", explicou um comandante militar israelense nesta quarta. "Alguns destes locais são zonas nas quais não operamos anteriormente, onde o Hamas ainda mantém capacidade militar", detalhou. A operação "vai continuar até 2026", antecipou a rádio militar. Algumas horas depois do anúncio israelense, o Hamas se pronunciou e afirmou que o plano de conquista de Gaza mostra o "desrespeito flagrante" de Israel pelos esforços de mediação. Há dois dias, o grupo terrorista concordou com a proposta de cessar-fogo proposta pelo Egito e pelo Catar. Há alguns dias, a Cidade de Gaza vem sendo alvo de intensos bombardeios, a exemplo dos bairros de Zeitun e Al Sabra, atingidos nas últimas horas, segundo relatos os moradores a agências de notícias. A tomada total e gradual de Gaza ocorre após o comandante do Estado-Maior das Forças Armadas israelenses, o tenente-general Eyal Zamir, ter discordado de Netanyahu sobre qual seria o próximo passo para buscar a vitória total contra o Hamas. Zamir tinha receios de que uma investida expandida contra a Cidade de Gaza colocaria em perigo as vidas dos reféns que ainda estão sob poder do Hamas, porém, disse na semana passada que governo e Exército estão unidos em prol do objetivo. O governo Netanyahu não disse, até a última atualização desta reportagem, explicitamente quando as tropas israelenses vão entrar de forma mais ampla na Cidade de Gaza. Mais de um milhão de palestinos estão refugiados na cidade, em campos de tendas, e muitos deles chegaram à cidade após serem deslocados pela guerra entre Israel e Hamas, iniciada em outubro de 2023. Os planos israelenses de expandir a guerra em Gaza após 22 meses de combates e mais de 61 mil mortos provocaram críticas internacionais e forte oposição interna. Dias depois, Israel virou alvo de mais críticas por ter matado seis jornalistas que atuavam na Faixa de Gaza, cinco deles funcionários da rede de TV árabe Al Jazeera. Especialistas alertaram para o risco de fome generalizada em Gaza, onde Israel restringiu drasticamente a entrada de ajuda humanitária e distribui comida de forma controlada e desigual pelo território palestino. Enquanto isso, os mediadores Egito e Catar esperam uma resposta oficial de Israel a uma proposta de cessar-fogo de 60 dias aprovada nesta semana pelo Hamas, que concordou em libertar metade dos reféns restantes. O gabinete de Netanyahu, no entanto, exigiu a libertação de todos os reféns, e não dá sinais de que queira implementar uma trégua no conflito. O ataque do Hamas em outubro de 2023, que desencadeou a guerra, provocou a morte de 1.219 pessoas, segundo um balanço da agência de notícias AFP baseado em números oficiais. A ofensiva israelense matou mais de 61.500 palestinos, segundo números do Ministério da Saúde de Gaza, considerados confiáveis pela ONU. Palestinos passam pelos escombros de edifícios destruídos, em meio ao cessar-fogo entre Israel e o Hamas, na Cidade de Gaza, em 6 de fevereiro de 2025. REUTERS/Dawoud Abu Alkas/Foto de arquivo
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