PCC: líder preso na Bolívia esteve no Panamá, Porto Rico e Moçambique

Após PCC ter forjado a morte de Tuta, criminoso ainda teria passado por diversos países da região do Caribe, diz promotor do MP

May 17, 2025 - 19:00
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PCC: líder preso na Bolívia esteve no Panamá, Porto Rico e Moçambique

Antes de ser preso pela Polícia Federal em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, um dos líderes do Primeiro Comando da Capital (PCC), Marcos Roberto de Almeida, o Tuta, também teria passado por países como República Dominicana, Panamá, Porto Rico e Moçambique, de acordo com o promotor Lincoln Gakiya, do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado de São Paulo (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo (MPSP).

Tuta estava foragido desde 2020, quando fugiu de uma ordem de prisão no âmbito da Operação Sharks, do MPSP. O órgão chegou a anunciar que o criminoso foi morto pelo tribunal do crime da facção após ordenar a morte de um membro sem autorização da cúpula. No entanto, seu corpo nunca foi encontrado e, depois, descobriu-se que a morte foi forjada.

“A gente já teve conhecimento bem antes da prisão que ele estava vivo. Tive conhecimento, por exemplo, que ele esteve em Porto Rico, em Santo Domingo [capital da República Dominicana], onde teria procurado o consulado da Espanha, e estava com passaporte espanhol falso. Ele esteve no Panamá, e em Moçambique. Não era de desconhecimento do Ministério Público que ele estava vivo”, afirmou Gakiya ao Metrópoles.

De acordo com o promotor, a história da morte de Tuta foi plantada pelo PCC para despistar as investigações. Enquanto isso, o criminoso continuava liderando as atividades do grupo diretamente da Bolívia.

“Eles soltaram um salve dizendo que o Tuta havia sido excluído por má conduta e decretado, portanto, que ele seria morto. Mas o que houve, segundo nós soubemos, é eles soltaram esse salve para se difundir no sistema prisional e para que a polícia e o Ministério Público tivessem acesso e acreditassem que ele estivesse realmente morto”, explicou Gakiya.

Segundo ele, Tuta seguiu operando do país vizinho sem ser incomodado pelas autoridades brasileiras. “Ele estava responsável na época pelo plano de resgate do Marcola. Então isso tudo foi uma estratégia, uma contrainformação do próprio crime organizado para tentar ludibriar as autoridades brasileiras”, afirmou.


Prisão na Bolívia

  • Tuta foi preso na tarde dessa sexta em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, por agentes da PF e da Fuerza Especial de Lucha contra el Crimen (FELCC).
  • O brasileiro, que estava foragido da Justiça, foi preso por uso de documento falso.
  • Ele permanece sob custódia das autoridades bolivianas, aguardando os procedimentos legais que poderão resultar em sua expulsão ou extradição ao Brasil.
  • O criminoso estava na Lista de Difusão Vermelha da Interpol, o que motivou a intensificação dos esforços para sua localização e captura, segundo a PF.

Prisão é “grande vitória”, diz promotor

Com Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, isolado no sistema carcerário federal, Tuta chegou a ser apontado como o substituto imediato do líder máximo do PCC.

Segundo Gakiya, embora não fosse mais considerado a principal liderança de rua da facção, atrás de membros como Forjado, Chacal e Mijão, que também estariam na Bolívia, Tuta ainda tinha uma grande importância dentro do PCC e sua prisão é considerada estratégica.

“É uma grande vitória para o combate ao crime organizado, sobretudo para nós aqui do Ministério Público, já que os dois mandados de prisão abertos contra Tuta são nossos, das operações Sharks 1 e 2. Ele não tem outros mandados de prisão abertos do país”, disse o promotor.

De acordo com o investigador, Tuta passou a liderar o PCC nas ruas desde que coordenou os ataques de maio de 2006. “Depois, ele cumpriu pena na P2, saiu em liberdade e passou a ser o número um na rua”, afirmou Gakiya, que considera a prisão do criminoso uma “oportunidade para que os demais integrantes da liderança do PCC que estão vivendo na Bolívia tranquilamente também sejam presos e entregues às autoridades brasileiras”.


Fuga da Sharks

  • Em 2020, Tuta era um dos principais alvos dos promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo, que investigavam as movimentações financeiras da cúpula do PCC.
  • A Rota ficou encarregada de cumprir vários mandados de prisão expedidos no âmbito da operação, entre eles o de Tuta. Para a surpresa dos promotores, no entanto, o chefão do PCC não foi localizado no endereço previsto.
  • Inicialmente, houve a suspeita de que alguém do prédio do criminoso poderia ter vazado a informação. Mais tarde, os promotores tiveram acesso a um áudio em que o próprio Tuta conversava com um outro criminoso e dizia: “O pessoal da R [suposta referência à Rota] salvou minha vida na Sharks”.
  • Os policiais da Rota envolvidos no esquema integrariam o setor de Inteligência do batalhão e eram responsáveis pelo chamado “trabalho velado”.

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