PMs que deram 46 tiros para matar homem em surto psicótico viram réus

Michael Stiven Ramirez Montes estava esfaqueando cachorro quando foi morto com 46 tiros. Animal também foi baleado e não sobreviveu

Sep 13, 2025 - 03:00
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PMs que deram 46 tiros para matar homem em surto psicótico viram réus

Os policiais militares envolvidos no homicídio do colombiano Michael Stiven Ramirez Montes, morto com 46 tiros durante um surto psicótico em dezembro do ano passado, tornaram-se réus por homicídio qualificado. Para o promotor 3ª Vara do Júri de São Paulo, o crime foi cometido “mediante recurso que dificultou a defesa da vítima”.

Michael foi morto em um apartamento na região da Cracolândia, enquanto esfaqueava um cachorro da raça bull terrier. Ele foi atingido 26 vezes. O animal também morreu. Ele foi alvo de quatro disparos.

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Imagens das câmeras corporais dos PMs envolvidos na ocorrência mostram eles tentando dialogar com o colombiano, pedindo que ele soltasse a arma branca: “Solta a faca, por favor. Acordo de homem. Não compensa”. De repente, os PMs iniciam uma sequência de disparos que dura mais de dez segundos. Eles então se aproximam do homem, que agoniza de dor, e efetuam pelo menos mais seis tiros.

Na denúncia, o promotor responsável pelo caso tipificou o crime com base no quarto inciso do artigo 121, que diz respeito a homicídios cometidos por meio de traição, emboscada ou dissimulação. A expectativa é que os PMs Bruno Freitas Da Silva, Gabriel Henrique Correa Vilas Boas, Helder Soares Júnior e Mailson De Oliveira Macedo sejam pronunciados e submetidos a julgamento no Tribunal do Júri.

Assista:

As câmeras corporais também flagraram os policiais, logo após o ocorrido, combinando uma versão para ocorrido. Eles decidem dizer que Michael teria partido para cima da equipe, o que não aconteceu.

Os PMs dizem que tentaram usar uma arma de choque, mas ela não teria funcionado, o que, segundo eles, tornou necessários os disparos de arma de fogo.

Na decisão que aceitou a denúncia, em 5 de agosto, o juiz também deferiu um pedido para qualificação de novas testemunhas, que estavam no prédio no momento dos disparos.

Vítimas sem arma de fogo

Michael Stiven Ramirez Montes foi uma das 85 vítimas da Polícia Militar na cidade de São Paulo em 2024 que não possuíam arma de fogo, conforme revelado pelo Metrópoles na reportagem especial A Política da Bala. Nessas ocorrências, a corporação efetuou 459 disparos, uma média de aproximadamente seis para cada suspeito morto.

Os casos estão concentrados, em sua maioria, em bairros pobres ou em áreas com maiores índices de violência urbana, como o centro da capital, região onde Michael Stiven foi morto. A postura adotada pela PM na ocorrência contrasta com a adotada em um caso semelhante, que também envolveu surto psicótico, mas ocorreu em um bairro nobre.

Em 6 de dezembro de 2024, cerca de três semanas antes da morte do colombiano, policiais militares foram chamados para atender a uma ocorrência em que um homem estaria atirando do alto de uma cobertura em Pinheiros, na zona oeste.

Assim que a PM tentou entrar no apartamento, Marcelo Berlinck Mariano efetuou um disparo em direção à porta. A equipe então acionou o Gate, grupo especializado nesse tipo de ocorrência, que conseguiu arrombar a porta em uma ação cinematográfica e imobilizar o suspeito sem dar um único tiro, com ajuda de um cão policial. No local, a PM encontrou 152 armas de diferentes calibres.

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