Dois PMs são presos e 4 afastados por execução de jovem em Piracicaba

Execução do jovem aconteceu em abril deste ano em Piracicaba. Ele foi atingido na cabeça após pegar uma pedra para defender a esposa grávida

Jun 24, 2025 - 13:00
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Dois PMs são presos e 4 afastados por execução de jovem em Piracicaba

Dois agentes da Polícia Militar foram presos temporariamente e quatro afastados investigados de estarem envolvidos na abordagem que resultou na execução de Gabriel Junior Oliveira Alves da Silva, de 22 anos, com um tiro na cabeça em Piracicaba, no interior de São Paulo, na noite de 1° de abril. A operação, realizada pelo Ministério Público de São Paulo e pela Corregedoria Geral da Polícia Militar do Estado de São Paulo, aconteceu na manhã desta terça-feira (24/6).

Os agentes Júnior César Rodrigues e Leonardo Machado Prudêncio, que participaram da abordagem, foram afastados das funções operacionais em 3 de abril.

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Nesta terça-feira, além de efetuarem as detenções, foram cumpridos seis mandados de busca e apreensão. Os suspeitos estão sendo investigados por homicídio e coação no curso do processo.

Relembre o caso

O jovem Gabriel Junior Oliveira Alves da Silva, de 22 anos, morreu após ter sido baleado na cabeça por um policial militar durante abordagem que aconteceu em Piracicaba. Segundo o boletim de ocorrência, o disparo foi feito após o jovem ter pego uma pedra para defender sua esposa, Rebeca Mirian Alves Braga, que também se insurgiu contra os policiais.

Vídeos gravados por celulares mostram o momento em que Rebeca, que está grávida, é puxada por um agente. Em outro registro feito pelas pessoas que estavam ao redor, é possível ouvir o disparo que matou Gabriel. “Matou o menino”, gritam os vizinhos, desesperados.

Veja:

Gabriel chegou a ser conduzido pelo Samu ao Hospital dos Fornecedores de Cana de Piracicaba, onde a morte foi constatada.

Execução em Piracicaba

  • Os policiais militares Júnior César Rodrigues e Leonardo Machado Prudêncio estavam fazendo patrulhamento na região quando avistaram Gabriel com um volume suspeito.
  • O jovem resistiu à abordagem. Sua esposa também se insurgiu contra os policiais.
  • No momento em que o PM Júnior foi apoiar o PM Prudêncio, que estava com Rebeca, Gabriel pegou uma pedra e foi em direção aos agentes.
  • O policial Júnior César pediu para o jovem soltar a pedra, o que ele não fez. Com a aproximação de Gabriel, o PM fez o disparo.

Ainda de acordo com o boletim de ocorrência, as armas dos policiais militares foram apreendidas. O caso será apurado por meio de inquérito policial militar (IPM).

A Secretaria da Segurança Pública informou que, além do IPM, o caso está sendo investigado pela 3ª Delegacia de Homicídios do Deic do Deinter 9.

Ainda de acordo com a pasta, a Polícia Militar afirmou que não tolera desvios de conduta ou excessos. “Se constatadas irregularidades, os envolvidos serão devidamente responsabilizados”, disseram.

PM voltou a local

Agentes da Polícia Militar (PM) voltaram, em duas ocasiões diferentes, ao local onde o jovem Gabriel Junior Oliveira Alves da Silva, de 22 anos, morreu após ter sido baleado na cabeça por um policial durante abordagem.

Viaturas rondaram a Rua Cosmorama na noite de 3 de abril enquanto os moradores faziam uma manifestação e, no dia 4 de abril, agentes removeram as placas – que pediam por justiça – que estavam coladas nas casas da região.

Rebeca Mirian Alves Braga, a esposa de Gabriel, acredita que os policiais estão voltando lá para ameaçar a população. “Para nós nos calarmos”, disse ela ao Metrópoles. Vizinhos da vítima compartilham do sentimento. Segundo Rebeca, os agentes não falam nada, eles apenas saem da viatura com as armas na mão e ficam parados.

Questionada, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que o policiamento ostensivo e preventivo foi intensificado na região.

Advogado foi abordado

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP de Piracicaba, Gustavo Pires, relatou ter passado por uma abordagem policial violenta ao retornar, no dia 10 de abril, ao local em que Gabriel foi morto após ter sido baleado na cabeça por um policial militar (PM).

Em seu perfil no Instagram, o advogado disse que voltou ao local, na Rua Cosmorama, em Piracicaba, no interior de São Paulo, para ouvir novas testemunhas. “Durante minha permanência, vi algumas viaturas circulando”, disse.

Gustavo diz ter deixado a rua por volta das 19h20, quando percebeu duas viaturas posicionadas na via em que ele estava subindo para deixar a comunidade. Com medo de ser vítima de uma abordagem forjada, ele pediu para seu estagiário, Sérgio Brunno, preparar o celular para gravar. Veja:

Quando as viaturas alcançaram o carro de Gustavo, ele estava em uma ligação de vídeo. “Fui obrigado a encerrar a ligação, sob gritos e ordens agressivas. Insistiram para que eu entregasse meu celular, o que eu recusei”, escreveu no post.

O advogado falou ter sido ordenado a sair de seu carro e se dirigir até um portão com as mãos na cabeça. Ele foi revistado e seu veículo, vasculhado. Um dos policiais portava um fuzil muito próximo a Gustavo, que avaliou a situação como “claro tom de intimidação”. Com os gritos do agente armado, populares começaram a filmar a cena, o que mudou a abordagem dos policiais.

Sobre este caso, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) afirmou, por meio de nota, que a Polícia Militar não compactua com desvios de conduta ou excessos por parte de seus agentes, punindo com rigor todas as ocorrências dessa natureza.

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