Dólar e Bolsa ficam estáveis com temor fiscal e “shutdown” de Trump
Pequenos sinais de bom humor: moeda americana registrou leve queda de 0,07%, a R$ 5,33, enquanto Ibovespa subiu 0,17% aos 144.200 pontos

Os mercados de câmbio e ações voltaram a dar sinal de algum bom humor no Brasil, embora ambos não tenham apresentado resultados muito além da estabilidade nesta sexta-feira (3/10). O dólar registrou leve queda de 0,07% frente ao real, cotado a R$ 5,33. O Ibovespa, o principal índice da Bolsa brasileira (B3), fechou em alta de 0,17%, aos 144.200.
Na avaliação de analistas, os dois fatores guiaram os investidores brasileiros. Foram eles a paralisação do governo de Donald Trump, o “shutdown”, e a manutenção de temores relacionados a um aumento do risco fiscal no Brasil.
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O “shutdown” entrou no seu terceiro dia e é resultado da ausência de um acordo no Congresso americano sobre a aprovação do orçamento dos Estados Unidos. Nesta sexta-feira, ele deixou os investidores no escuro, por causa do cancelamento da divulgação dos dados sobre o mercado de trabalho americano, na pesquisa conhecida como “payroll”.
A veiculação das informações foi suspensa como resultado da paralisação de parte da atividade dos serviços públicos, o que afetou a atualização de estatísticas oficiais. O Bureau of Labor Statistics (BLS), responsável pela produção do “payroll”, informou que nem sequer atualizará seu site enquanto o “desligamento” da máquina pública americana perdurar.
Cortes de juros
Os levantamentos sobre o mercado de trabalho, em especial o “payroll”, são cruciais para que o mercado calibre as chances de novos cortes de juros nos EUA. Se eles são fortes, indicam uma economia aquecida e isso compromete a redução das taxas. Se vêm fracos, confirmam as previsões de queda.
Entre agentes econômicos, porém, não há dúvidas de que os juros vão cair nas duas próximas reuniões do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), em 29 de outubro e 10 de dezembro. De acordo com a ferramenta FedWatch, do CME Group, as possibilidades de redução de 0,25 ponto percentual em cada um dos encontros são, respectivamente, de 96,7% e 84,9%.
Risco fiscal
No cenário interno, analistas continuam afirmando que segue no radar do mercado o temor de uma eventual piora dos resultados fiscais do país (que tratam da relação entre despesas e receitas do governo). Essa medo teria encorpado com a aprovação nesta semana da isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil. A medida, segundo essa tese, traria preocupações com o aumento do consumo e, por consequência, maiores riscos inflacionários.
Em carta aos cotistas, a Verde Asset afirmou que o Brasil vive sob um modelo definido como “acelerador fiscal com freio monetário”. Ou seja, o governo federal gasta, enquanto, por outro lado, o Banco Central (BC) eleva os juros para conter a inflação.
Juros futuros
Nesse cenário, afirma Christian Iarussi, sócio da The Hill Capital, os juros futuros seguiram em alta, com prêmios maiores nos contratos mais longos. “O movimento reflete a cobrança extra do mercado diante de um governo que sinaliza mais renúncia tributária e novas despesas, como a isenção de IR e discussões sobre subsídios”, diz. “Nem a produção industrial acima do esperado (divulgada nesta sexta-feira) conseguiu aliviar a pressão, No máximo, empurrou as apostas de início do corte de juros de janeiro para março, sem mudar o diagnóstico de cautela.”
Para Bruno Shahini, especialista em investimentos da Nomad, o dólar recuou de forma moderada frente ao real nesta sexta-feira, acompanhando a desvalorização global da moeda americana. “O movimento foi marcado por um dia de volatilidade contida, em meio ao prolongamento do shutdown nos EUA, que adiou a divulgação de indicadores-chave como o payroll”, diz. “Isso enquanto dados locais de produção industrial acima das expectativas e a Selic elevada deram algum suporte à moeda brasileira.”
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