Ex-aliado acusa Wassef de ameaçá-lo com áudio e foto: “Vou matar você”
Ex-vice do PL em Atibaia (SP) acusa Frederick Wassef de ameaça. Advogado da família Bolsonaro afirma que fotos e áudios foram manipulados
Conhecido defensor da família Bolsonaro, o advogado Frederick Wassef (foto em destaque) trava uma guerra com ex-aliados do Partido Liberal (PL) que virou caso de polícia em Atibaia, no interior paulista.
Um deles é Júnior Humberto de Oliveira, conhecido como “Juninho do Cachorro Quente”. Ele acusa Wassef de tê-lo ameaçado por telefone e mensagens no WhatsApp nas quais o advogado fala que vai matá-lo e ou sugere que ele se mate (veja abaixo).
Wassef, por sua vez, procurou a Polícia Civil para acusar Juninho, que foi vice-presidente do PL em Atibaia, e o advogado dele, que também foi aliado do advogado bolsonarista, de perseguição e extorsão com uso de fake news.
No passado, Juninho foi preso após atirar no vice-prefeito da cidade, Fernando Batista de Lima (PL). Imagens de câmeras de segurança mostravam o vice por trás de Juninho e dando socos nele. Ele sacou uma pistola e começou a disparar contra Lima.
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Advogado Frederick Wassef se diz ameaçado por Juninnho e seu advogadoIgo Estrela/Metrópoles
Suplente de vereador de Atibaia, Juninho do Cachorro Quente é vice-presidente do PL local e trava uma guerra com Frederick WassefReprodução
Fabrício Queiroz e Flávio Bolsonaro. O ex-assessor já foi preso em uma casa de Wassef em AtibaiaReprodução/Redes Sociais
“Tiro na cara”
Juninho era defendido por Edevaldo de Oliveira, advogado e ex-policial rodoviário federal que era próximo a Wassef. Foi ele quem emprestou a casa para abrigar Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) suspeito de operar um esquema de rachadinha na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), quando ele era procurado pela polícia.
Pelas mãos de Wassef, Oliveira foi indicado como presidente do PL de Atibaia, enquanto Juninho foi o vice do partido na cidade. Todos, porém, romperam a relação nos últimos meses.
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De um lado, Juninho e Oliveira dizem ter discordado da nomeação de um secretário com histórico criminal na gestão do prefeito Daniel Martini (PL), apoiado pelo grupo.
De outro, Wassef afirmou ser perseguido e ameaçado por Juninho, que é suplente de vereador. No último domingo (16/11), o político do PL abriu uma transmissão em suas redes sociais e relatou as supostas ameaças. No vídeo, expôs áudios de conversas atribuídas a Wassef.
Em um dos áudios, o advogado bolsonarista diz: “Eu vou dar tiro na cara de vocês. Está com inveja? Põe arma na boca, puxa o gatilho, dá um tiro na própria boca”.
Foto com arma
O suplente do PL ainda exibiu uma fotografia (imagem em destaque) que Wassef teria lhe enviado com uma arma apontada para a própria cabeça como suposta forma de incitação para que se suicidasse.
“Eu achei que ele tava querendo fazer algum mal contra ele quando ele mandou a foto pra mim. Só que ao mesmo tempo ele me ligou depois de dez minutos e falou: ‘Ou você se mata, ou eu vou matar vocês. Ele apagou a foto, mas eu consegui recuperar. Pela Glória de Deus que eu consegui recuperar”, disse.
Segundo Juninho, o desentendimento com Wassef se deu porque ele se movimentou para que o advogado não indicasse o russo Alessander Rossa, que é seu próprio cliente, como secretário de Turismo. O russo havia sido acusado de lavagem de dinheiro pelo Ministério Público Federal (MPF). A investigação foi trancada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), que atendeu um pedido de Wassef em sua defesa.
Então aliado de Wassef, Juninho teria procurado o prefeito de Atibaia, Daniel Martini (PL), para convencê-lo a não nomear o aliado do advogado, que já teria outras seis indicações na cidade. Wassef se revoltou quando descobriu a tentativa.
“Vou saber de onde vai vir a fonte, tá? E eu vou atirar de volta, hein, irmão. Eu vou atirar de volta. Vou atirar forte. Eu vou atirar forte. Quem mexer comigo ou com qualquer um dos meus, eu vou atirar de volta forte, só para você saber. Então assim, vão todos tomar no cu. Juninho, no dia de hoje você entrou no meu radar. Hoje, é pela primeira vez. Juninho Hot Dog está no meu radar. Até hoje você não entrou no meu radar. Vou te avisar”, diz Wassef no áudio exposto pelo ex-aliado.
O pedido de prisão e o recuo
Juninho é um político conhecido na cidade. Ganhou fama nacional após o caso dos tiros contra o ex-vice-prefeito. A Justiça o proibiu de se aproximar da Prefeitura de Atibaia. Mesmo assim, continuou na política, recebeu 712 votos para vereador e ficou na suplência. Também ajudou outros quatro correligionários nas eleições e assumiu, até fevereiro de 2025, a vice-presidência do PL local.
Ele resolveu abrir o jogo em uma transmissão aberta em suas redes sociais na noite do último domingo (16/11), após o Ministério Público pedir que ele voltasse a ser preso porque se aproximou de uma secretaria da Prefeitura. Ele atribuiu o fato a uma perseguição de Wassef.
Nessa segunda-feira (17/11), o próprio MPSP retirou o pedido e disse reconhecer “que o cenário atual em Atibaia apresenta contornos de animosidade política mútua”. A Promotoria acolheu uma petição de Edevaldo de Oliveira ao recuar no pedido.
Briga política chega à polícia
Wassef tem influência em Atibaia e, segundo Juninho, nomeou pelo menos sete secretários na Prefeitura. Os desentendimentos teriam começado, segundo Juninho, porque ele discordou da nomeação do russo, que responde pelo crime de lavagem de dinheiro. A briga escalou quando Wassef teria cobrado do então aliado que ele lhe entregasse o celular. Em meio à pressão, diz ele que o advogado sacou uma arma e deu dois disparos perto de seus ouvidos. “Fiquei surdo na hora”.
Em outro áudio de ligação telefônica, Wassef ameaça Juninho a entregar seu celular para descobrir se ele havia sido fonte de alguma informação vazada. “Se você falar que seu telefone quebrou, foi furtado, roubado, você morreu, você não ouse fazer isso. Eu vou para Atibaia, vou te encontrar e você vai dar o seu telefone na minha mão, eu sei o dia e a hora, foi quinta-feira, hoje é segunda”, disse. O áudio contém uma série de xingamentos a Juninho.
Ele registrou um Boletim de Ocorrência narrando as ameaças do advogado. Wassef fez o mesmo. Em dois longos registros, o advogado afrma que tem sido torturado “psicologicamente e emocionalmente, desde outubro de 2024, sofrendo extorsão, ameaças, calúnias, difamação, injúria, ofensas, monitoramento, perseguição física e pessoal”.
Relatou, ainda, que Juninho tem um “grupo de jornalistas cooptados” para “explodir Frederick Wassef”. Ele relatou que o político enviou mensagens de madrugada dizendo: “Continua me ameaçando. Não tenho medo de você”. Ele ainda afirma que Juninho grava todas as pessoas com quem conversa, edita e manipula áudios e vídeos com uso de inteligência artificial.
O que diz Frederick Wassef
“Sou vítima de ameaça de morte, extorsão e vários outros crimes por parte de Junior Humberto de Oliveira, que, auxiliado pelos demais criminosos de sua quadrilha, usa inteligência artificial para fabricar diversas fotos fakes e materiais criados e fraudados de toda ordem, com o objetivo de causar escândalo na mídia, fingir ser vítima e enganar as autoridades.
Existem inquéritos na polícia nos quais ele é o investigado, e eu sou a vítima. Essas falsas acusações feitas por ele contra mim são ardil e armadilha para ele fingir ser vítima perante o público e para tentar obstruir as investigações contra ele. Desafio a colocarem as supostas gravações na íntegra, sem cortes, sem edição e sem uso de I.A. Desafio a entregarem o aparelho original usado nas gravações clandestinas para a perícia na polícia. Após a entrega e a perícia, a verdade será provada e a farsa deles cairá por terra.
O autor e mentor dessa engenharia criminosa de fraudes e mentiras, e outro membro da quadrilha, é Edevaldo de Oliveira, ex-presidiário, ladrão de caminhões e cargas, que foi preso e condenado a quase 10 anos de cadeia na penitenciária. Junior também é ex-presidiário e réu em processo criminal de tentativa de homicídio. Dois ex-presidiários, criminosos e perigosos, estão simulando e fingindo ser vítimas.”
Procurados para comentar as acusações de Wassef, Juninho e Oliveira não se manifestaram. O espaço segue aberto.
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