Por que Trump não conseguiu convencer Putin a acabar com a guerra na Ucrânia?
Por que Trump não conseguiu convencer Putin a acabar com a guerra na Ucrânia?
BBC
A tensão entre os Estados Unidos e a Rússia aumentou nas últimas semanas. Os EUA impuseram novas sanções às petroleiras russas Rosneft e Lukoil, enquanto o Kremlin testou o míssil de cruzeiro Burevestnik, movido a energia nuclear, e o drone submarino Poseidon.
Ambos os países têm dito que podem retomar testes nucleares. Além das ameaças trocadas, a guerra segue em solo.
É uma guinada notável em um ano que começou com a possibilidade de uma distensão nas relações entre os dois países.
O presidente americano, Donald Trump, chegou à Casa Branca prometendo acabar com a guerra na Ucrânia e "fazer as pazes com Vladimir [Putin, presidente russo]". A guerra, porém, continua, e EUA e Rússia trocam ameaças em vez de propostas.
Por que a aposta de Trump na diplomacia pessoal com Putin não surtiu efeito até agora?
'Tenho boas conversas, mas elas não levam a lugar nenhum'
Na cúpula de agosto, no estado americano do Alasca, Putin e Trump não conseguiram alcançar um avanço diplomático
Andrew Harnik / Getty Images via BBC
No início do segundo mandato de Trump, surgiram pequenos sinais de avanço. Pela primeira vez desde a invasão em larga escala da Rússia na Ucrânia, os governos americano e russo realizaram conversas diretas. Os presidentes falaram regularmente por telefone e se encontraram no Alasca em agosto passado.
Por ora, a simples existência de diálogo é o único resultado concreto que ambos os lados conseguem apresentar.
"O fato de estarmos falando sobre o processo de paz já é uma demonstração de progresso significativo", diz Andrew Peek, ex-diretor sênior para assuntos europeus e russos no Conselho de Segurança Nacional dos EUA.
"Expor posições, trocá-las — isso é a base de como a diplomacia funciona."
O enviado especial Witkoff
'Você está brincando com a 3ª Guerra Mundial', disse Trump a Zelensky
EPA-EFE / REX / Shutterstock via BBC
Trump tem apostado fortemente na química pessoal.
Ele designou o enviado especial Steve Witkoff — amigo próximo dos tempos do mercado imobiliário de Nova York — para se reunir com Putin várias vezes. Após cada viagem, ambos os lados declaravam estar mais perto de um entendimento.
Mas a falta de experiência diplomática de Witkoff despertou ceticismo em círculos de política externa.
Dois diplomatas europeus, que falaram sob condição de anonimato, disseram à BBC que Witkoff muitas vezes saía de Moscou convencido, por engano, de que Putin estava pronto para fazer concessões, apenas para a Casa Branca descobrir o contrário.
Segundo um ex-alto funcionário do Kremlin, que também falou anonimamente à BBC, Witkoff tinha dificuldade para captar as nuances da posição russa e nem sempre apresentava de forma consistente a política dos EUA ao governo russo.
Como resultado, os dois lados frequentemente falavam em sentidos opostos, afirmou essa fonte à BBC. As dificuldades de comunicação ficaram evidentes para todos durante o encontro entre Putin e Trump no Alasca (EUA), em agosto.
Eu estava entre os centenas de jornalistas na cúpula, que acabou sendo encurtada de forma inesperada, por motivos não esclarecidos.
Mais tarde, quando Trump e Putin surgiram em uma coletiva conjunta, não apresentaram nenhum passo concreto rumo ao fim da guerra.
A ausência de qualquer compromisso, mesmo mínimo, por parte de Putin deixou Trump, anfitrião do encontro, em uma posição difícil. Nem o governo russo nem o americano esclareceram o que ocorreu a portas fechadas, e repórteres tentaram obter informações por meio de contatos anônimos.
Segundo o jornal britânico Financial Times, Trump propôs aliviar sanções e expandir o comércio em troca de um cessar-fogo na Ucrânia. Putin rejeitou a proposta de imediato e exigiu a capitulação da Ucrânia e o controle total de Donbas — dando, segundo o jornal, uma "aula de história" que enfureceu Trump, acrescenta o Financial Times.
"Os americanos estavam de fato decepcionados" com a ausência de progressos no Alasca, disse um diplomata europeu à BBC.
Cúpula do Alasca entre Trump e Putin termina sem nenhum acordo sobre guerra na Ucrânia
Outro diplomata, que falou sob anonimato, afirmou à BBC: "Eles criaram expectativas baseadas em um entendimento equivocado do que a guerra representa para a Rússia".
Eric Green, que atuou como assessor para a Rússia no Conselho de Segurança Nacional dos EUA durante o governo Biden, disse à BBC: "Houve definitivamente muitos equívocos sobre possíveis trocas e concessões.
Além da questão territorial, havia confusão sobre garantias de segurança, e acredito que alguns integrantes do governo Trump não compreenderam o que Putin queria dizer com o foco nas 'causas fundamentais' da guerra."
A frustração do próprio Trump também era evidente. "Sempre que falo com Vladimir [Putin], tenho boas conversas, mas elas não levam a lugar nenhum", afirmou em outubro, ao anunciar novas sanções.
O que Putin realmente quer?
Em Moscou, a posição oficial mudou pouco nos últimos meses.
Os termos de Puti
Por que Trump não conseguiu convencer Putin a acabar com a guerra na Ucrânia?
BBC
A tensão entre os Estados Unidos e a Rússia aumentou nas últimas semanas. Os EUA impuseram novas sanções às petroleiras russas Rosneft e Lukoil, enquanto o Kremlin testou o míssil de cruzeiro Burevestnik, movido a energia nuclear, e o drone submarino Poseidon.
Ambos os países têm dito que podem retomar testes nucleares. Além das ameaças trocadas, a guerra segue em solo.
É uma guinada notável em um ano que começou com a possibilidade de uma distensão nas relações entre os dois países.
O presidente americano, Donald Trump, chegou à Casa Branca prometendo acabar com a guerra na Ucrânia e "fazer as pazes com Vladimir [Putin, presidente russo]". A guerra, porém, continua, e EUA e Rússia trocam ameaças em vez de propostas.
Por que a aposta de Trump na diplomacia pessoal com Putin não surtiu efeito até agora?
'Tenho boas conversas, mas elas não levam a lugar nenhum'
Na cúpula de agosto, no estado americano do Alasca, Putin e Trump não conseguiram alcançar um avanço diplomático
Andrew Harnik / Getty Images via BBC
No início do segundo mandato de Trump, surgiram pequenos sinais de avanço. Pela primeira vez desde a invasão em larga escala da Rússia na Ucrânia, os governos americano e russo realizaram conversas diretas. Os presidentes falaram regularmente por telefone e se encontraram no Alasca em agosto passado.
Por ora, a simples existência de diálogo é o único resultado concreto que ambos os lados conseguem apresentar.
"O fato de estarmos falando sobre o processo de paz já é uma demonstração de progresso significativo", diz Andrew Peek, ex-diretor sênior para assuntos europeus e russos no Conselho de Segurança Nacional dos EUA.
"Expor posições, trocá-las — isso é a base de como a diplomacia funciona."
O enviado especial Witkoff
'Você está brincando com a 3ª Guerra Mundial', disse Trump a Zelensky
EPA-EFE / REX / Shutterstock via BBC
Trump tem apostado fortemente na química pessoal.
Ele designou o enviado especial Steve Witkoff — amigo próximo dos tempos do mercado imobiliário de Nova York — para se reunir com Putin várias vezes. Após cada viagem, ambos os lados declaravam estar mais perto de um entendimento.
Mas a falta de experiência diplomática de Witkoff despertou ceticismo em círculos de política externa.
Dois diplomatas europeus, que falaram sob condição de anonimato, disseram à BBC que Witkoff muitas vezes saía de Moscou convencido, por engano, de que Putin estava pronto para fazer concessões, apenas para a Casa Branca descobrir o contrário.
Segundo um ex-alto funcionário do Kremlin, que também falou anonimamente à BBC, Witkoff tinha dificuldade para captar as nuances da posição russa e nem sempre apresentava de forma consistente a política dos EUA ao governo russo.
Como resultado, os dois lados frequentemente falavam em sentidos opostos, afirmou essa fonte à BBC. As dificuldades de comunicação ficaram evidentes para todos durante o encontro entre Putin e Trump no Alasca (EUA), em agosto.
Eu estava entre os centenas de jornalistas na cúpula, que acabou sendo encurtada de forma inesperada, por motivos não esclarecidos.
Mais tarde, quando Trump e Putin surgiram em uma coletiva conjunta, não apresentaram nenhum passo concreto rumo ao fim da guerra.
A ausência de qualquer compromisso, mesmo mínimo, por parte de Putin deixou Trump, anfitrião do encontro, em uma posição difícil. Nem o governo russo nem o americano esclareceram o que ocorreu a portas fechadas, e repórteres tentaram obter informações por meio de contatos anônimos.
Segundo o jornal britânico Financial Times, Trump propôs aliviar sanções e expandir o comércio em troca de um cessar-fogo na Ucrânia. Putin rejeitou a proposta de imediato e exigiu a capitulação da Ucrânia e o controle total de Donbas — dando, segundo o jornal, uma "aula de história" que enfureceu Trump, acrescenta o Financial Times.
"Os americanos estavam de fato decepcionados" com a ausência de progressos no Alasca, disse um diplomata europeu à BBC.
Cúpula do Alasca entre Trump e Putin termina sem nenhum acordo sobre guerra na Ucrânia
Outro diplomata, que falou sob anonimato, afirmou à BBC: "Eles criaram expectativas baseadas em um entendimento equivocado do que a guerra representa para a Rússia".
Eric Green, que atuou como assessor para a Rússia no Conselho de Segurança Nacional dos EUA durante o governo Biden, disse à BBC: "Houve definitivamente muitos equívocos sobre possíveis trocas e concessões.
Além da questão territorial, havia confusão sobre garantias de segurança, e acredito que alguns integrantes do governo Trump não compreenderam o que Putin queria dizer com o foco nas 'causas fundamentais' da guerra."
A frustração do próprio Trump também era evidente. "Sempre que falo com Vladimir [Putin], tenho boas conversas, mas elas não levam a lugar nenhum", afirmou em outubro, ao anunciar novas sanções.
O que Putin realmente quer?
Em Moscou, a posição oficial mudou pouco nos últimos meses.
Os termos de Putin para encerrar a guerra incluem:
Reconhecimento a soberania russa sobre cinco regiões ucranianas;
Neutralidade da Ucrânia;
Redução do Exército ucraniano;
Garantias constitucionais para a língua russa;
Suspensão das sanções ocidentais.
A Rússia afirma que só deixará de combater após um acordo político abrangente. A postura é inaceitável para o governo americano e o governo ucraniano, que insistem que o cessar-fogo deve vir primeiro.
Para avançar, diz Peek, ex-membro do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, todos os lados teriam de concordar sobre três pontos:
Território;
Futuro político da Ucrânia;
Arranjos de segurança do país.
Ele afirma que houve quase nenhum avanço em qualquer desses pontos.
Trump inicialmente pareceu aberto a concessões territoriais. Em abril, disse que a "Crimeia continuará russa" e, segundo reportagens da imprensa, sua equipe chegou a avaliar reconhecer a anexação da região pela Rússia em 2014.
Em outubro, em reunião com Zelensky, Trump voltou a sugerir uma "troca territorial", informou a agência de notícias Reuters.
A Rússia também sinalizou uma flexibilidade limitada: o ministro das Relações Exteriores da Turquia disse que o governo russo poderia aceitar um acordo ao longo das atuais linhas de frente em partes do sul da Ucrânia.
No entanto, ele também afirmou que a Rússia ainda exige controle total da região de Donbas, rica em minerais que o país invadiu parcialmente.
O governo russo disse que não discutiria detalhes das negociações em andamento, incluindo questões territoriais.
Mas diplomatas insistem que o controle de terras ucranianas não é o ponto mais complicado em jogo.
Um alto funcionário europeu disse à BBC que Trump, por sua experiência no setor imobiliário, acreditava ser possível firmar um "acordo imobiliário" com a Rússia. "Para Putin, porém, não se trata de território e sim de soberania sobre a Ucrânia", diz.
Isso significa controlar a orientação política do governo ucraniano e suas capacidades militares. O governo russo insiste no que chama de neutralidade ucraniana e em uma redução drástica das Forças Armadas do país.
O governo ucraniano exige garantias de segurança firmes dos EUA e da Otan.
"A Rússia mostra zero flexibilidade nas garantias de segurança, em 2022 e agora", diz Peek, ex-membro do Conselho de Segurança Nacional dos EUA. "A diferença aí é muito maior do que em relação aos territórios.".
'Ganhando tempo'
A tentativa fracassada de organizar uma cúpula em Budapeste (Hungria) neste outono (hemisfério Norte) evidencia o impasse.
Após um telefonema em meados de outubro, Trump e Putin encarregaram o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, e o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, de preparar as negociações. Eles conversaram uma vez, mas nenhuma reunião se concretizou.
Segundo a agência de notícias Bloomberg, Rubio concluiu que a posição do governo russo não havia mudado. Já o jornal britânico Financial Times informou que a Rússia enviou um memorando repetindo suas amplas exigências, gesto que frustrou ainda mais autoridades dos EUA.
Rubio disse a jornalistas (12): "Não podemos continuar realizando reuniões apenas por realizar".
No dia seguinte, Lavrov classificou como "falsificações descaradas" as alegações de que a Rússia não estaria disposta a negociar. Disse que o governo russo permanecia preparada para um segundo encontro entre Trump e Putin, desde que baseado nos "resultados bem trabalhados da cúpula do Alasca".
Enquanto isso, a Ucrânia e seus aliados europeus trabalharam intensamente para reconstruir a comunicação com Trump. No início do mandato, ele parecia determinado a negociar diretamente com Putin, deixando o governo ucraniano de lado, uma perspectiva que alarmou tanto a Ucrânia quanto a Europa.
Desde então, Trump moderou o tom em relação à Ucrânia.
Ao contrário da Rússia, a Ucrânia demonstrou certo grau de flexibilidade com o governo americano, acolhendo propostas dos EUA para um cessar-fogo e eventuais negociações com o governo russo.
Para o governo ucraniano e seus aliados, o objetivo era simples: convencer Trump de que ceder a Putin prejudicaria a segurança europeia e a dos EUA.
"Sabíamos que ele acabaria percebendo que a Rússia não negociaria de boa-fé", disse um diplomata europeu à BBC. "Nossa tarefa era ganhar tempo, e funcionou."
O governo russo culpa a Europa. "Os europeus não estão dormindo, estão torcendo o braço desta administração", afirmou Lavrov, criticando o que chamou de "mudança radical" na posição dos EUA.
Três meses após a cúpula do Alasca, o Kremlin e a Casa Branca não mostram sinais de aproximação.
Em outubro, o governo americano impôs o primeiro grande pacote de sanções contra a Rússia do governo Trump, mirando as maiores petrolíferas do país.
"Tudo o que fazemos vai levar Putin à mesa", disse o secretário do Tesouro, Scott Bessent, à CBS, parceira da BBC.
Putin descartou a medida, chamando as sanções de "prejudiciais às relações bilaterais", mas insistiu que a Rússia "não mudará de política sob pressão". Dias depois, o governo russo testou um míssil com capacidade nuclear, sinal de que o diálogo dá lugar a uma nova rodada de demonstração de força.
Edição de Andrew Webb, BBC World Service
"O fato de estarmos falando sobre o processo de paz já é uma demonstração de progresso significativo", diz Andrew Peek, ex-diretor sênior para assuntos europeus e russos no Conselho de Segurança Nacional dos EUA.
"Expor posições, trocá-las — isso é a base de como a diplomacia funciona."
O enviado especial Witkoff
Trump tem apostado fortemente na química pessoal.
Ele designou o enviado especial Steve Witkoff — amigo próximo dos tempos do mercado imobiliário de Nova York — para se reunir com Putin várias vezes. Após cada viagem, ambos os lados declaravam estar mais perto de um entendimento.
Mas a falta de experiência diplomática de Witkoff despertou ceticismo em círculos de política externa.
Dois diplomatas europeus, que falaram sob condição de anonimato, disseram à BBC que Witkoff muitas vezes saía de Moscou convencido, por engano, de que Putin estava pronto para fazer concessões, apenas para a Casa Branca descobrir o contrário.
Segundo um ex-alto funcionário do Kremlin, que também falou anonimamente à BBC, Witkoff tinha dificuldade para captar as nuances da posição russa e nem sempre apresentava de forma consistente a política dos EUA ao governo russo.
Como resultado, os dois lados frequentemente falavam em sentidos opostos, afirmou essa fonte à BBC. As dificuldades de comunicação ficaram evidentes para todos durante o encontro entre Putin e Trump no Alasca (EUA), em agosto.
Eu estava entre os centenas de jornalistas na cúpula, que acabou sendo encurtada de forma inesperada, por motivos não esclarecidos.
Mais tarde, quando Trump e Putin surgiram em uma coletiva conjunta, não apresentaram nenhum passo concreto rumo ao fim da guerra.
A ausência de qualquer compromisso, mesmo mínimo, por parte de Putin deixou Trump, anfitrião do encontro, em uma posição difícil. Nem o governo russo nem o americano esclareceram o que ocorreu a portas fechadas, e repórteres tentaram obter informações por meio de contatos anônimos.
Segundo o jornal britânico Financial Times, Trump propôs aliviar sanções e expandir o comércio em troca de um cessar-fogo na Ucrânia. Putin rejeitou a proposta de imediato e exigiu a capitulação da Ucrânia e o controle total de Donbas — dando, segundo o jornal, uma "aula de história" que enfureceu Trump, acrescenta o Financial Times.
"Os americanos estavam de fato decepcionados" com a ausência de progressos no Alasca, disse um diplomata europeu à BBC.
Outro diplomata, que falou sob anonimato, afirmou à BBC: "Eles criaram expectativas baseadas em um entendimento equivocado do que a guerra representa para a Rússia".
Eric Green, que atuou como assessor para a Rússia no Conselho de Segurança Nacional dos EUA durante o governo Biden, disse à BBC: "Houve definitivamente muitos equívocos sobre possíveis trocas e concessões.
Além da questão territorial, havia confusão sobre garantias de segurança, e acredito que alguns integrantes do governo Trump não compreenderam o que Putin queria dizer com o foco nas 'causas fundamentais' da guerra."
A frustração do próprio Trump também era evidente. "Sempre que falo com Vladimir [Putin], tenho boas conversas, mas elas não levam a lugar nenhum", afirmou em outubro, ao anunciar novas sanções.
O que Putin realmente quer?
Em Moscou, a posição oficial mudou pouco nos últimos meses.
Os termos de Putin para encerrar a guerra incluem:
Reconhecimento a soberania russa sobre cinco regiões ucranianas;
Neutralidade da Ucrânia;
Redução do Exército ucraniano;
Garantias constitucionais para a língua russa;
Suspensão das sanções ocidentais.
A Rússia afirma que só deixará de combater após um acordo político abrangente. A postura é inaceitável para o governo americano e o governo ucraniano, que insistem que o cessar-fogo deve vir primeiro.
Para avançar, diz Peek, ex-membro do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, todos os lados teriam de concordar sobre três pontos:
Território;
Futuro político da Ucrânia;
Arranjos de segurança do país.
Ele afirma que houve quase nenhum avanço em qualquer desses pontos.
Trump inicialmente pareceu aberto a concessões territoriais. Em abril, disse que a "Crimeia continuará russa" e, segundo reportagens da imprensa, sua equipe chegou a avaliar reconhecer a anexação da região pela Rússia em 2014.
Em outubro, em reunião com Zelensky, Trump voltou a sugerir uma "troca territorial", informou a agência de notícias Reuters.
A Rússia também sinalizou uma flexibilidade limitada: o ministro das Relações Exteriores da Turquia disse que o governo russo poderia aceitar um acordo ao longo das atuais linhas de frente em partes do sul da Ucrânia.
No entanto, ele também afirmou que a Rússia ainda exige controle total da região de Donbas, rica em minerais que o país invadiu parcialmente.
O governo russo disse que não discutiria detalhes das negociações em andamento, incluindo questões territoriais.
Mas diplomatas insistem que o controle de terras ucranianas não é o ponto mais complicado em jogo.
Um alto funcionário europeu disse à BBC que Trump, por sua experiência no setor imobiliário, acreditava ser possível firmar um "acordo imobiliário" com a Rússia. "Para Putin, porém, não se trata de território e sim de soberania sobre a Ucrânia", diz.
Isso significa controlar a orientação política do governo ucraniano e suas capacidades militares. O governo russo insiste no que chama de neutralidade ucraniana e em uma redução drástica das Forças Armadas do país.
O governo ucraniano exige garantias de segurança firmes dos EUA e da Otan.
"A Rússia mostra zero flexibilidade nas garantias de segurança, em 2022 e agora", diz Peek, ex-membro do Conselho de Segurança Nacional dos EUA. "A diferença aí é muito maior do que em relação aos territórios."
'Ganhando tempo'
A tentativa fracassada de organizar uma cúpula em Budapeste (Hungria) neste outono (hemisfério Norte) evidencia o impasse.
Após um telefonema em meados de outubro, Trump e Putin encarregaram o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, e o ministro das Relações Exteriores da Rússia, Sergei Lavrov, de preparar as negociações. Eles conversaram uma vez, mas nenhuma reunião se concretizou.
Segundo a agência de notícias Bloomberg, Rubio concluiu que a posição do governo russo não havia mudado. Já o jornal britânico Financial Times informou que a Rússia enviou um memorando repetindo suas amplas exigências, gesto que frustrou ainda mais autoridades dos EUA.
Rubio disse a jornalistas (12/11): "Não podemos continuar realizando reuniões apenas por realizar".
No dia seguinte, Lavrov classificou como "falsificações descaradas" as alegações de que a Rússia não estaria disposta a negociar. Disse que o governo russo permanecia preparada para um segundo encontro entre Trump e Putin, desde que baseado nos "resultados bem trabalhados da cúpula do Alasca".
Enquanto isso, a Ucrânia e seus aliados europeus trabalharam intensamente para reconstruir a comunicação com Trump. No início do mandato, ele parecia determinado a negociar diretamente com Putin, deixando o governo ucraniano de lado, uma perspectiva que alarmou tanto a Ucrânia quanto a Europa.
Desde então, Trump moderou o tom em relação à Ucrânia.
Ao contrário da Rússia, a Ucrânia demonstrou certo grau de flexibilidade com o governo americano, acolhendo propostas dos EUA para um cessar-fogo e eventuais negociações com o governo russo.
Para o governo ucraniano e seus aliados, o objetivo era simples: convencer Trump de que ceder a Putin prejudicaria a segurança europeia e a dos EUA.
"Sabíamos que ele acabaria percebendo que a Rússia não negociaria de boa-fé", disse um diplomata europeu à BBC. "Nossa tarefa era ganhar tempo, e funcionou."
O governo russo culpa a Europa. "Os europeus não estão dormindo, estão torcendo o braço desta administração", afirmou Lavrov, criticando o que chamou de "mudança radical" na posição dos EUA.
Três meses após a cúpula do Alasca, o Kremlin e a Casa Branca não mostram sinais de aproximação.
Em outubro, o governo americano impôs o primeiro grande pacote de sanções contra a Rússia do governo Trump, mirando as maiores petrolíferas do país.
"Tudo o que fazemos vai levar Putin à mesa", disse o secretário do Tesouro, Scott Bessent, à CBS, parceira da BBC.
Putin descartou a medida, chamando as sanções de "prejudiciais às relações bilaterais", mas insistiu que a Rússia "não mudará de política sob pressão". Dias depois, o governo russo testou um míssil com capacidade nuclear, sinal de que o diálogo dá lugar a uma nova rodada de demonstração de força.
Edição de Andrew Webb, BBC World Service
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