IAS: Sabesp retira mais água de represas do que nunca e nível preocupa
Segundo estudo, a Sabesp bateu recorde de retirada de água desde a crise hídrica. Sistema Cantareira está com armazenamento abaixo de 30%
Em meio a um período de seca no estado de São Paulo, a empresa de saneamento Sabesp bateu recorde de retirada de água das represas que abastecem os municípios da região metropolitana, segundo um levantamento do Instituto Água e Saneamento (IAS). Com o volume de chuva abaixo do esperado para 2025, o Sistema Integrado Metropolitano (SIM), rede de abastecimento de água que atende mais de 39 cidades, tem visto seu nível baixar rapidamente.
De acordo com a pesquisa, entre janeiro e setembro deste ano, a Sabesp registrou uma vazão média de 71,9 m³/s de retirada de água do SIM. A tendência merece atenção devido ao impacto na recuperação do conjunto de reservatórios, que enfrenta sequências de diminuições no volume.
No dia 1º de setembro de 2025, o Sistema Cantareira, principal represa do SIM, entrou na Faixa 3 — Alerta, após o volume útil de água cair para cerca de 35%. Um mês depois, desde 1º de outubro, o sistema passou para a Faixa 4 – Restrição, com armazenamento abaixo de 30%, limitando a captação da Sabesp a 23 m³/s.
Mesmo assim, neste ano, contudo, o volume médio de retirada de água superou o patamar do período pré-crise hídrica (2010-2013), quando a média era de 69 m³/s. A diminuição dos níveis de reservatórios e a estiagem prolongada no estado são lembranças que preocupam pós-crise.
Alta demanda e medidas de contingência
Segundo o levantamento, o aumento da retirada de água é indicador de um aumento da demanda, que é uma combinação entre consumo e perdas de água. A curva crescente do consumo de água deve ser interpretada pelo aumento da população, ligações irregulares e aumento do consumo médio por habitante.
As perdas de águas são os volumes que entram no sistema de abastecimento, mas não chegam a ser efetivamente medidos e faturados. Existem as perdas reais, causadas por vazamentos em adutoras, redes e ramais ou em reservatórios, e as perdas aparentes, que são administrativas ou comerciais, originadas por erros de medição, ligações clandestinas ou fraudes.
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Como medida emergencial para reforçar o abastecimento, autoridades da água no estado, como a SP Água, autorizaram a captação suplementar da bacia do Rio Paraíba do Sul para o Cantareira, com vazão média de 7,6 m³/s até dezembro de 2025. Já para reduzir os gastos, a Sabesp afirma que ampliou a redução de pressão noturna na rede de distribuição, que passou de 8 para 10 horas diárias desde setembro.
O Governo do Estado de São Paulo, inclusive, lançou, no dia 24 de outubro, um plano de contingência hídrica, que prevê, em situações críticas, restrições de pressão de até 16 horas por dia e possibilidade de rodízio de abastecimento na região metropolitana.
O que diz a Sabesp
Procurada pelo Metrópoles, a Sabesp informou que a operação do SIM “segue rigorosamente os parâmetros técnicos e regulatórios definidos pelos órgãos competentes, como a Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado de São Paulo (Arsesp), a SP Águas e a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA).
De acordo com a empresa, o volume médio de retirada de água dos mananciais apresenta variações compatíveis com o crescimento vegetativo da população atendida e com ajustes operacionais implementados ao longo dos últimos anos. Após a crise hídrica de 2014-2016, a companhia alega que manteve políticas mais restritivas de gestão da pressão noturna para a economia da água.
“Essas medidas foram sendo balanceadas de acordo com os níveis dos mananciais e conforme ajustes regulatórios voltados ao aprimoramento da qualidade do serviço, visando a redução do impacto sobre os consumidores no período noturno. Essas alterações explicam o incremento temporário nas médias de captação, que não representa aumento fora dos limites operacionais, tampouco descumprimento das outorgas vigentes”, explicou em nota.
Ainda conforme a Sabesp, desde o início da redução de pressão noturna, já foram poupados mais de 25 bilhões de litros, o equivalente ao abastecimento, por dois meses, das cidades de São Bernardo do Campo, Santo André, Mauá e Diadema. “A Companhia mantém monitoramento contínuo dos níveis dos reservatórios e das demandas de consumo, atuando com planejamento técnico, transparência e alinhamento permanente com as autoridades reguladoras e ambientais”, concluiu.
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