Macron recebe líderes e alimenta rumores de nova dissolução

O chefe de Estado recebeu terça (7/10) o presidente da Assembleia Nacional, Yaël Braun-Pivet, e o presidente do Senado, Gérard Larcher

Oct 8, 2025 - 02:00
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Macron recebe líderes e alimenta rumores de nova dissolução

Emmanuel Macron recebeu a presidente da Assembleia Nacional, Yaël Braun-Pivet, e o presidente do Senado, Gérard Larcher, na tarde de terça-feira (7/10). O mesmo protocolo foi seguido antes da dissolução anunciada pelo chefe de Estado francês em 9 de junho de 2024, o que leva a imprensa e a opinião pública a especularem sobre a possibilidade da convocação de novas eleições legislativas.

Como manda o artigo 12 da Constituição francesa, o presidente deve consultar os líderes das duas casas do Parlamento antes de anunciar uma dissolução da Assembleia Nacional, equivalente à Câmara dos Deputados no Brasil. Braun-Pivet e Larcher foram recebidos separadamente, segundo a rádio francesa RTL.

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Macron corre contra o relógio. Na segunda-feira (6/10), após a renúncia do primeiro-ministro Sébastien Lecornu, o presidente estabeleceu um prazo de 48 horas para que seu fiel escudeiro realizasse mais uma rodada de consultas com as lideranças partidárias para uma última tentativa de formação de um governo. A crise política se intensificou na França quando o premiê – que prometeu “rupturas” ao assumir o cargo em 10 de setembro – anunciou no domingo (5/10) a composição de um Executivo quase idêntico ao anterior, de François Bayrou, que caiu por fracassar em obter um voto de confiança da Assembleia Nacional.

“Um perfume de dissolução paira sobre a Assembleia Nacional”, ironiza a agência de notícias AFP. Os rumores também mobilizam os políticos. Em entrevista ao canal BFM TV, a porta-voz do governo Aurore Bergé, do partido macronista Renascimento, rejeitou a possibilidade, afirmando que “ninguém deseja” novas eleições legislativas, “com exceção dos partidos França Insubmissa [esquerda radical] e Reunião Nacional [extrema direita]”.

No entanto, entre os próprios aliados do presidente, a situação se mostra insustentável. Primeiro-ministro durante o primeiro mandato de Macron, Édouard Philippe sugeriu nesta manhã uma eleição presidencial antecipada, o que exigiria a renúncia do chefe de Estado. Segundo o ex-premiê, essa é a melhor forma de “sair de forma ordenada e digna de uma crise política que prejudica o país”.

Últimas articulações

Antes de Macron, o primeiro-ministro demissionário também se reuniu nesta terça-feira com os presidentes das duas câmaras do Parlamento francês, e com os líderes dos partidos centristas, aliados do governo. Já o líder dos deputados republicanos (LR, direita), Laurent Wauquiez, e o presidente do partido, Bruno Retailleau, foram recebidos separadamente pelo premiê durante a tarde.

No campo da esquerda, o Partido Socialista confirmou presença na sede do governo na manhã de quarta-feira (8/10). Os Ecologistas informaram que se reunirão com Lecornu amanhã para pedir um governo de “coabitação” com um “primeiro-ministro de esquerda”.

Até o momento, dois partidos estão irredutíveis às negociações: o Reunião Nacional e o França Insubmissa, que recusaram o convite para se encontrar com o premiê demissionário. Para a líder da extrema direita, Marine Le Pen, a dissolução da Assembleia Nacional é “absolutamente incontornável”. Já o chefe da esquerda radical, Jean-Luc Mélenchon, diz que o principal objetivo de sua legenda é “a saída” do presidente.

Suspensão da reforma da Previdência

No campo macronista, algumas lideranças já começam a levantar a bandeira branca. É o caso da ministra da Educação e ex-primeira-ministra, Élisabeth Borne, que se diz disposta a uma “suspensão” da controversa reforma da Previdência que impôs em 2023, sem votação na Assembleia Nacional.

“Se essa for a condição para a estabilidade do país, devemos examinar as modalidades e as consequências concretas de uma suspensão até o debate que deverá ocorrer na próxima eleição presidencial”, afirmou, em entrevista ao jornal Le Parisien. “No contexto atual, para avançar, é preciso saber ouvir e se mover”, acrescentou, defendendo esse gesto como uma sinalização à esquerda.

A pressão para que Macron encontre uma saída à crise também vem de instituições econômicas. Todas as instâncias estão “acompanhando atentamente a evolução atual” da situação política francesa, declarou nesta terça-feira a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde.

Um pouco antes, Patrick Martin, presidente da principal organização patronal francesa, o Medef, havia expressado sua “indignação” em entrevista à Franceinfo. “A descida já começou, estamos perdendo competitividade. O que fazem os países vizinhos nesse meio tempo? Eles aceleram, enquanto nós assistimos a esse espetáculo político que nos entristece — e fazemos um apelo por uma forma de responsabilidade por parte de todos os atores políticos”, afirmou.

Leia mais em RFI, parceira do Metrópoles.

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