Presidente de Camarões tenta se reeleger para 8º mandato consecutivo, aos 92 anos

O presidente de Camarões, Paul Biya, ao lado da primeira-dama do país africano, Chantal Biya, durante ato de campanha para um 8º mandato presidencial, em Maroua, no norte, em 7 de outubro de 2025. Desire Danga Essigue/ Reuters Há nada menos que 43 anos no poder, o presidente de Camarões, Paul Byia, tentará neste domingo (12) uma reeleição para cumprir seu oitavo mandato consecutivo. Chefe de Estado mais velho do mundo, Byia, de 92 anos, fez uma rara aparição pública nesta quarta-feira (8) para fazer campanha. Mas, em paralelo, cresce um movimento para que ele deixe o poder, liderado pela sua própria filha (leia mais abaixo). Apesar dos apelos, Byia é apontado como o grande favorito no pleito, segundo as principais pesquisas de opinião. O líder camaronês está no poder desde 1982, quando depôs e mandou ao exílio seu então mentor, o ex-presidente Ahmadou Ahidjo. Desde então, ele comanda o país com mão de ferro e sob denúncias de clientelismo, intimidação e fraude eleitoral. Ele também eliminou uma emenda constitucional limitando a permanência no poder de um presidente a dois mandatos. Em julho deste ano, logo depois de Biya anunciar que se candidataria novamente ao poder, um tribunal considerou inelegível a candidatura de Maurice Kamto, principal rival do presidente e que terminou em segundo lugar em 2018. A alegação da Justiça foi a de que o partido de Kamto já apoiava outro candidato. Mas, apesar de sufocar a oposição, o governo de Biya tem sido alvo de um movimento sem precedentes no país pedindo que ele deixe o poder. A própria filha do presidente, Brenda Biya, de 27 anos, disse no TikTok no mês passado que seu pai "fez muita gente sofrer" e pediu aos camaroneses que votassem em outros candidatos para retirá-lo do poder. O arcebispo camaronês Samuel Kleda, um dos mais influentes de seu país, foi à rádio francesa no último Natal para dizer que "não era realista" que Biya continuasse no cargo. Depois, dois membros do gabinete presidencial das regiões do norte de Camarões, ricas em votos, questionaram abertamente a aptidão de Biya para liderar. E foram desertados do poder. Nesta quarta, após semanas sem aparecer — o que gerou especulações sobre seu estado de saúde — Byia falou a uma multidão de apoiadores em um estádio no norte de Camarões, região de maioria muçulmana que é uma das mais pobres do país e alvo frequente de ataques terroristas do grupo extremista Boko Haram. O presidente prometeu que fortalecerá a segurança na região, afirmou que vai enxugar o desemprego juvenil e melhorar a condição de estradas do país caso seja reeleito. 'Exército' de agentes infiltrados Veja os vídeos que estão em alta no g1 O poder de Byia também se sustenta pelo medo de opositores e da população geral em se manifestar contra o governo, disse à agência de notícias Reuters Raoul Sumo Tayo, pesquisador sênior do think tank Instituto de Estudos de Segurança, com sede na África do Sul. Tayo afirmou haver um "exército" de agentes de inteligência disfarçados pelas ruas do país. "Quando você pega um táxi em Camarões, não sabe exatamente quem é o motorista. As pessoas têm medo de falar", disse o pesquisador. "Todos em Camarões querem ver seus filhos crescerem, e muitos ficam em silêncio, e isso fortalece o regime." "O presidente conseguiu impor lealdade a ele e ao sistema... Pouquíssimas pessoas no sistema governante estão dispostas a se expor" para desafiá-lo, disse à Reuters Arrey Ntui, analista sênior do International Crisis Group, a organização de prevenção de conflitos. "Quando se trata do presidente, não existe mais pensamento independente. É uma história com um só lado: o presidente está lá, ele pode se candidatar novamente, e pronto." O presidente de Camarões, Paul Biya, aguarda sua vez de discursar na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, em 22 de setembro de 2016 Reuters/Carlo Allegri/File Photo

Oct 8, 2025 - 17:00
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Presidente de Camarões tenta se reeleger para 8º mandato consecutivo, aos 92 anos

O presidente de Camarões, Paul Biya, ao lado da primeira-dama do país africano, Chantal Biya, durante ato de campanha para um 8º mandato presidencial, em Maroua, no norte, em 7 de outubro de 2025. Desire Danga Essigue/ Reuters Há nada menos que 43 anos no poder, o presidente de Camarões, Paul Byia, tentará neste domingo (12) uma reeleição para cumprir seu oitavo mandato consecutivo. Chefe de Estado mais velho do mundo, Byia, de 92 anos, fez uma rara aparição pública nesta quarta-feira (8) para fazer campanha. Mas, em paralelo, cresce um movimento para que ele deixe o poder, liderado pela sua própria filha (leia mais abaixo). Apesar dos apelos, Byia é apontado como o grande favorito no pleito, segundo as principais pesquisas de opinião. O líder camaronês está no poder desde 1982, quando depôs e mandou ao exílio seu então mentor, o ex-presidente Ahmadou Ahidjo. Desde então, ele comanda o país com mão de ferro e sob denúncias de clientelismo, intimidação e fraude eleitoral. Ele também eliminou uma emenda constitucional limitando a permanência no poder de um presidente a dois mandatos. Em julho deste ano, logo depois de Biya anunciar que se candidataria novamente ao poder, um tribunal considerou inelegível a candidatura de Maurice Kamto, principal rival do presidente e que terminou em segundo lugar em 2018. A alegação da Justiça foi a de que o partido de Kamto já apoiava outro candidato. Mas, apesar de sufocar a oposição, o governo de Biya tem sido alvo de um movimento sem precedentes no país pedindo que ele deixe o poder. A própria filha do presidente, Brenda Biya, de 27 anos, disse no TikTok no mês passado que seu pai "fez muita gente sofrer" e pediu aos camaroneses que votassem em outros candidatos para retirá-lo do poder. O arcebispo camaronês Samuel Kleda, um dos mais influentes de seu país, foi à rádio francesa no último Natal para dizer que "não era realista" que Biya continuasse no cargo. Depois, dois membros do gabinete presidencial das regiões do norte de Camarões, ricas em votos, questionaram abertamente a aptidão de Biya para liderar. E foram desertados do poder. Nesta quarta, após semanas sem aparecer — o que gerou especulações sobre seu estado de saúde — Byia falou a uma multidão de apoiadores em um estádio no norte de Camarões, região de maioria muçulmana que é uma das mais pobres do país e alvo frequente de ataques terroristas do grupo extremista Boko Haram. O presidente prometeu que fortalecerá a segurança na região, afirmou que vai enxugar o desemprego juvenil e melhorar a condição de estradas do país caso seja reeleito. 'Exército' de agentes infiltrados Veja os vídeos que estão em alta no g1 O poder de Byia também se sustenta pelo medo de opositores e da população geral em se manifestar contra o governo, disse à agência de notícias Reuters Raoul Sumo Tayo, pesquisador sênior do think tank Instituto de Estudos de Segurança, com sede na África do Sul. Tayo afirmou haver um "exército" de agentes de inteligência disfarçados pelas ruas do país. "Quando você pega um táxi em Camarões, não sabe exatamente quem é o motorista. As pessoas têm medo de falar", disse o pesquisador. "Todos em Camarões querem ver seus filhos crescerem, e muitos ficam em silêncio, e isso fortalece o regime." "O presidente conseguiu impor lealdade a ele e ao sistema... Pouquíssimas pessoas no sistema governante estão dispostas a se expor" para desafiá-lo, disse à Reuters Arrey Ntui, analista sênior do International Crisis Group, a organização de prevenção de conflitos. "Quando se trata do presidente, não existe mais pensamento independente. É uma história com um só lado: o presidente está lá, ele pode se candidatar novamente, e pronto." O presidente de Camarões, Paul Biya, aguarda sua vez de discursar na Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York, em 22 de setembro de 2016 Reuters/Carlo Allegri/File Photo

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