CPI do Crime Organizado: Do Val pede convocação de Oruam
Senador quer convocar o filho de Marcinho VP para apurar “influência cultural, social e comunicacional” supostamente exercida por facções
Integrante da CPI do Crime Organizado, o senador Marcos do Val (Podemos) protocolou uma solicitação para convocar o rapper Oruam, filho de Marcinho VP, líder do CV (Comando Vermelho), para prestar depoimento perante a comissão.
O parlamentar justifica a convocação com o argumento de que a CPI precisa investigar os “mecanismos de influência cultural, social e comunicacional utilizados por facções para ampliar seu alcance e legitimidade” , especialmente entre jovens vulneráveis.
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O senador afirma que o Brasil “enfrenta o mais grave avanço do crime organizado de sua história” e que a convocação de Oruam tem o objetivo de permitir que a CPI “compreenda a relação entre cultura e facções” e “identifique eventuais mecanismos de financiamento, influência, cooptação e propaganda utilizados por organizações criminosas”.
Do Val cita cinco pontos centrais para a convocação do artista:
- Oruam é filho de Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP, “apontado há décadas como uma das principais lideranças da facção Comando Vermelho (CV)”;
- O rapper é alvo de indiciamento formal pela Polícia Civil do Rio de Janeiro por crimes como associação ao tráfico de drogas e resistência qualificada, em um “contexto vinculado a operações envolvendo integrantes de facções criminosas”;
- Oruam é descrito como uma “figura pública de grande influência entre jovens”, que utiliza em sua comunicação “elementos visuais, simbólicos e narrativos que têm sido interpretados por autoridades e especialistas como possíveis manifestações de normalização, glamourização ou apologia de facções criminosas”;
- O artista tem sido citado em investigações relacionadas a “apostas ilegais, fluxo financeiro suspeito e eventuais vínculos com indivíduos ligados ao tráfico”; e
- O rapper “encontra-se no centro do debate público nacional sobre a infiltração de facções criminosas na cultura e na indústria musical”.
Megaoperação no RJ
Um dos artistas mais acessados em plataformas digitais no Brasil, Oruam classificou a megaoperação policial que deixou 121 mortos, incluindo 4 policiais, e apreendeu 91 fuzis, como “a maior chacina da história do Rio de Janeiro”.
“A mídia descobriu que matar bandido vende muito, e essa política é a que mais vende no Rio de Janeiro, no Brasil. A sociedade gosta do banho de sangue, ela usa o bandido como maior vilão para esconder os verdadeiros bandidos que estão em mansões e pagam ao governo para não serem vistos”, disse o rapper.
O artista chegou a compor uma canção em que critica a operação: “Antes de pensar em matar, pense na educação. Falta de opção fez vários menorzin colar na boca [de fumo]”.
Algumas composições de Oruam, contudo, exaltam o confronto armado e o fato de criminosos receberem a bala quem tenta tirá-los do comando territorial.
“Diz que vai vim aqui no Complexo para poder pegar os irmãos, caô, cagão, caô, cagão, para de palhaçada, vai entrar na bala na primeira barricada”, canta o rapper em uma de suas canções.
“Na CDD só tem bandido faixa preta, tentaram vim pegar o homem, e a bala voou, nós é comando vermelhão de natureza”, diz trecho de outra música.
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