Falta sair às ruas para defender um projeto de país
Por que é mais fácil juntar gente contra do que a favor?

Estava lá no domingo no MASP, estava longe, não ouvi discurso nem show, escutava a multidão conversando, um grupo de maracatu, um padeiro aleatório, gritos de ordem aqui e lá e, de repente, o “Sem Anistia” dominava tudo. Lembrei do Fora Collor, Fora Bolsonaro, Fora FHC, Fora Dilma, Fora Temer e Fora Qualquer Coisa de 2013. Por que é mais fácil juntar gente contra do que a favor?
Evidente que nesse movimento contra algo há muitos desejos a favor, mas essas vontades políticas não são nomeadas, recheadas de fissuras e dissensos. Fica mais fácil dizer não, talvez porque o sim é múltiplo e difuso.
Mas aos poucos, e organicamente, as reivindicações de diferentes setores da sociedade vão ganhando o corpo de um projeto mais democrático de país. O fim da escala 6×1 só não é unanimidade porque empregadores não gostam da ideia e parlamentares que trabalham 3×4. É uma reivindicação que vê no horizonte uma reforma trabalhista que recupere os direitos triturados por Temer e a uberização do trabalho. Esse ponto é tortuoso já que o discurso do empreendedorismo rege nosso tempo.
A isenção para quem ganha até R$ 5 mil é importante, mas o que quer se ver é a taxação dos super-ricos e das heranças. parte de uma reforma tributária com menos impostos sobre o consumo e mais sobre renda, o que enfrentaria nossas desigualdades e privilégios.
A regulação das redes, isto é, fazer das plataformas aliadas contra a publicação de conteúdos criminosos como fake news, pedofilia e discurso ódio e exigir a transparência dos algoritmos, que nada têm de neutros, seria um avanço para uma democracia digital abandonada.
Já são pautas histórias e exaustas defender mais investimentos em saúde e educação públicas, uma política habitacional massiva. Transporte público gratuito. Além uma política de segurança pública que seja mais inteligente ao invés de assassina, prenda menos e pare de oprimir trabalhadores periféricos.
Mas enquanto isso, as pautas urgem. A PEC da Blindagem caiu no Senado por unanimidade, mas o PL da Anistia ganhou o nome de Dosimetria, com Paulinho da Força tentando emplacar o projeto pelos corredores do Congresso. Um acordo com o PT aqui, outro acordo com o bolsonarismo lá e Centrão calculando ganhos, a proposta passa. Pela isenção do IR e contra a anistia, é bom as ruas deixarem as faixas prontas e as vozes aquecidas
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