Malafaia: “Bolsonaro vai dizer quem é quem na brincadeira mesmo na cadeia”
Ao Metrópoles, o pastor Silas Malafaia criticou ministros do STF, endossou Tarcísio de Freitas e respondeu se pretende deixar o país

Com Jair Bolsonaro (PL) em prisão domiciliar, o pastor Silas Malafaia, aliado de primeira hora do ex-presidente, garante que qualquer candidato pretende herdar o espólio político bolsonarista terá de ser ungido por Bolsonaro, “mesmo na cadeia”.
Em entrevista ao Metrópoles, Malafaia critica três dos cinco ministros da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), que julga o ex-presidente por ter liderado uma tentativa de golpe de Estado — o alvo central é o relator do caso, o ministro Alexandre de Moraes.
O pastor também ataca a direita ao afirmar que o julgamento contra Bolsonaro nem estaria ocorrendo se o país não tivesse uma “direita vagabunda que se vende por cargos”.
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O pastor Silas Malafaia em ato na Avenida PaulistaIsabella Finholdt/Especial Metrópoles2 de 6
Pastor Silas Malafaia, organizador do ato Reaja Brasil, no carro de som durante manifestação bolsonarista na Avenida PaulistaFÁBIO VIEIRA/ESPECIAL METRÓPOLES @fabiovieirafotorua3 de 6
Silas Malafaia e BolsonaroWILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO4 de 6
Malafaia organizou atos pró-Bolsonaro em SP e no RJDivulgação/PR5 de 6
Silas Malafaia e o futuro ex-presidente BolsonaroReprodução/YouTube6 de 6
Silas Malafaia e o ex-presidente Jair Bolsonaro em ato na Avenida PaulistaReprodução/Youtube
Recentemente, Malafaia teve o celular apreendido pela Polícia Federal (PF), em diligência decorrente de Moraes para investigar o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por obstrução de Justiça.
Neste domingo, bolsonaristas vão à Avenida Paulista em defesa de Bolsonaro, no quarto ato organizado por Malafaia neste ano na capital paulista. Como nas outras ocasiões, a estrutura contará com dois trios elétricos estacionados na esquina com a rua Peixoto Gomide.
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O ato deve contar com a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, líderes bolsonaristas do Congresso e ao menos três governadores: o de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), o de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo) e o de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL).
Confira a entrevista
Os discursos duros contra o ministro Alexandre de Moraes podem piorar a situação de Jair Bolsonaro e de aliados do ex-presidente no STF?
O Estado Democrático de Direito dá a você o direito de falar o que você quer, por mais esdrúxula que seja a sua opinião e que eu não concorde. Então, essa conversa que nós fomos duros? Não. Quem foi duro foi ele. Duro foi Alexandre de Moraes de rasgar sucessivamente a Constituição para promover perseguição política.
Com exceção do ministro Luiz Fux, que tem demonstrado ressalvas sobre a dosimetria das penas, a Primeira Turma do STF parece estar fechada no julgamento da tentativa de golpe. Qual a sua opinião sobre a postura dos ministros?
Três dos cinco ministros da Primeira Turma são suspeitos. [Cristiano] Zanin foi advogado de Lula contra Bolsonaro. Flávio Dino, comunista, leninista, marxista declarado, inimigo de Bolsonaro, já chamou ele de demônio, de serial killer. E Alexandre de Moraes diz que a extrema direita tem que ser combatida na América Latina. É um julgamento que já foi, isso é teatro. O julgamento já aconteceu.
Um inquérito do STF mostra mensagens em que o senhor critica Tarcísio, no último ato na Paulista o senhor declarou descontentamento com a ausência dele, mas nesta semana foi a um jantar no Palácio dos Bandeirantes. O governador de São Paulo está engajado na defesa do ex-presidente?
Eu sou cabo eleitoral de ninguém. Eu critico e elogio o Bolsonaro, crítico e elogio o Eduardo, crítico e elogio o Tarcísio. Estou vendo agora o empenho dele. Ele é um cara de bastidor, não é um cara de guerra. Não é desse estilo, mas está jogando pesado junto de presidentes de partido, líderes partidários para anistia. Isso é uma verdade.
O senhor vê oportunismo dos governadores de direita. Se referia a eles quando falou em “direita vagabunda” no último ato?
Depois que eu fiz a crítica, eu vi o [governador de Goiás Ronaldo] Caiado criticar o STF e Alexandre de Moraes. Eu vi uma crítica do [governador de Minas Gerais Romeu] Zema também direta ao STF e a Alexandre Moraes. Eu não vi críticas do Ratinho [Jr, governador do Paraná]. E vi críticas do Tarcísio sem citar nomes. Eu não vou chamar de oportunista porque o jogo político é esse. Eles são de direita, tem o direito de serem candidatos, isso é democrático.
A direita vagabunda são aqueles que se vendem para o governo, porque se nós tivéssemos uma direita legítima, nós não teríamos um Supremo Tribunal fazendo o que está fazendo, essa juristocracia. Se tivéssemos uma direita séria, que sabe que pode um ministro tomar impeachment, eu queria ver se estava acontecendo o que está acontecendo no Brasil. Direito vagabunda porque se vende. Se vende para ter cargos. E agora estão vendo que o governo está indo por água abaixo, e querem pular fora. É o que eles fazem.
Esse grupo que defende o projeto de anistia, mas disputa o espólio eleitoral de Bolsonaro, está de fato trabalhando para que Bolsonaro dispute as eleições?
Bolsonaro é o maior líder político da direita. Nenhum cara vai a lugar nenhum se não for ungido por ele, mesmo dentro da cadeia, igual a Lula. Se Bolsonaro estiver lá dentro da cadeia, ele vai dizer quem é quem na brincadeira. E quem ele disser, vai ter o apoio da direita. Manda algum desses caras botar alguém na rua. Então, vai depender de Bolsonaro.
Uma imagem da manifestação lotada neste domingo tem potencial de impor novas sanções dos EUA a integrantes do STF?
A Paulista lotada não tem o objetivo de fazer com que Donald Trump dê sanções a Alexandre Moraes. A Paulista lotada é um recado para o Congresso Nacional e para o Senado. E vai ser muito bom porque quem é contra a anistia, que é o PT, vai fazer manifestação também. Então, é um bom termômetro. Não é questão de Donald Trump, é questão do Congresso Nacional.
Eduardo Bolsonaro saiu do Brasil dizendo que aqui não há liberdade. O senhor critica frequentemente Alexandre de Moraes e o apelidou de “ditador de Toga”. O senhor pensa em sair do Brasil?
Nunca, jamais vou sair da minha nação. Primeiro, que eu sou pastor de igreja, rapaz. Eu tenho mais de 200 mil membros. Você acha que eu vou deixar a igreja por causa de quê? Eu jamais. Foi anunciado que eu estava sendo investigado nessa farsa de perseguição a mim e eu voltei para o Brasil, eu estava em Portugal. Tenho igreja em Portugal e na América, eu podia ficar lá. Mas, não. De jeito nenhum, em hipótese alguma, eu saio do meu país.
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